IA aumenta a criatividade individual e reduz a coletiva

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Quase dois anos depois do lançamento do ChatGPT, o uso de soluções de IA generativa ainda está aquém do esperado. Pesquisa em seis países — Argentina, Dinamarca, França, Japão, Reino Unido e Estados Unidos — entre 28 de março e 30 de abril de 2024 apurou que apenas 50% da população já ouviu falar no ChatGPT. Entre os 50%, a maioria o acessou apenas uma ou duas vezes. No Brasil, pesquisa da Genial/Quaest entre 2 e 6 de maio de 2024 revelou que apenas 21% dos brasileiros entrevistados declararam ter usado alguma solução de inteligência artificial. Embora a adoção ainda não tenha larga escala, novos desafios se apresentam, entre eles o efeito atual e futuro sobre a criatividade humana.

Não existe um significado universal para o termo “criatividade”. O senso comum é que se trata de atributo essencial para nossa sobrevivência. Alguns consideram que a criatividade é o que nos torna humanos. Pela natureza da IA generativa — ela extrai padrões de grandes volumes de dados, como se fizesse um “resumão” do que já foi publicado —, seus modelos produzem textos e imagens inéditos, mas não criativos. A capacidade de inovar, de criar algo novo, ainda é exclusividade nossa.

Estudo publicado na revista Science Advances aponta que, ainda que a IA generativa possa oferecer um impulso criativo individual, ela reduz a criatividade coletiva (ou a criatividade agregada). Ao serem treinados, fundamentalmente, no mesmo corpus e apenas recombinando o conhecimento já produzido, os modelos de IA generativa — como ChatGPT e DALL-E da OpenAI, Gemini do Google, Llama da Meta, Claude da Anthropic, Midjourney e Stable Diffusion — tendem a produzir conteúdos semelhantes. Essa invasão de produções não criativas e semelhantes na base global de conhecimento compromete até nossa futura capacidade criativa (a busca por referências, em geral, antecede a criação ou inovação).

O estudo adotou duas métricas para medir a criatividade: novidade, que avalia até que ponto uma ideia se afasta do statu quo ou agrega algo ao que já existe; e utilidade, que reflete a praticidade e relevância de uma ideia ser desenvolvida. Os 293 escritores, recrutados por meio da plataforma Prolific, foram convidados a escrever uma história de oito frases para jovens adultos sobre um dos três tópicos sugeridos: o primeiro grupo sem ajuda de IA, o segundo grupo recebendo apenas uma ideia do ChatGPT, e o terceiro grupo podendo escolher até cinco ideias do ChatGPT. Os pesquisadores constataram que as histórias mais criativas foram as geradas pelo terceiro grupo, originadas da colaboração mais interativa entre humanos e inteligência artificial. Constataram também que a IA melhorou a produção de escritores menos criativos e fez pouca diferença na qualidade das histórias produzidas pelos que já eram criativos.

Outra tendência a observar é que a proliferação dos modelos de IA generativa tem inundado a internet de dados sintéticos. Estima-se que, em breve, haverá mais dados sintéticos que dados produzidos por humanos. São várias as consequências. Uma delas é o comprometimento da qualidade dos resultados futuros dos próprios modelos de IA. Eles são treinados em proporções cada vez maiores de dados sintéticos, gerando o efeito loop de feedback quando, como num “telefone sem fio”, em cada interação os erros se acumulam, o modelo generativo se torna mais corrompido e desconectado da realidade.

Se estivermos de acordo em que preservar nossa capacidade criativa é determinante para o futuro da sociedade, essas questões precisam entrar na pauta de pesquisadores, profissionais de IA e formuladores de políticas públicas.

*Dora Kaufman, professora na PUC-SP e colunista da Época Negócios, é autora do livro “Desmistificando a inteligência artificial”

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