Após quatro anos como pesquisador na OpenAI, Suchir Balaji, ex-membro da equipe responsável por estruturar dados online para o desenvolvimento do ChatGPT, acusou a empresa de violar leis de direitos autorais e destacou impactos negativos na internet e na viabilidade comercial de criadores de conteúdo. Segundo Balaji, sua postura inicial era de aceitação quanto ao uso desses dados, mas, com o lançamento do ChatGPT em 2022, ele começou a questionar a ética e a legalidade da prática.
Em agosto, Balaji deixou a empresa afirmando que as tecnologias de IA, como o ChatGPT, estavam prejudicando a integridade da internet. Em uma entrevista ao The New York Times, ele detalhou como o uso de conteúdos protegidos por direitos autorais pode enfraquecer o ecossistema digital e desencadear uma concorrência desleal. Para Balaji, os riscos das IAs não são apenas futuros; há ameaças imediatas, como o enfraquecimento da sustentabilidade financeira para criadores e detentores de direitos autorais.
Ex-funcionário se demitiu por não concordar com a empresa (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)
Impactos das IAs no ecossistema digital
A OpenAI defende que seu uso de dados públicos é amparado pela doutrina de “uso justo”, uma medida que permite a utilização de trechos limitados de conteúdo com fins como crítica, pesquisa e ensino. No entanto, o profissional afirma que essa prática é insustentável e que o ChatGPT e outras IAs geram conteúdos que replicam substancialmente o material original, o que prejudica diretamente os criadores. Segundo ele, a produção de conteúdos pelas IAs pode reduzir o tráfego em sites originais, impactando a monetização desses espaços e diminuindo a receita dos criadores de conteúdo.
Outro ponto levantado por Balaji é a precisão das informações geradas por IAs, uma vez que erros e desinformações são comuns. Especialistas, como o advogado de propriedade intelectual Bradley J. Hulbert, endossam a visão de que as leis de direitos autorais atuais foram criadas em um contexto que não previa o surgimento de IAs avançadas. Hulbert sugere que o Congresso dos Estados Unidos adote novas regulamentações para proteger os direitos de criadores e a confiabilidade das informações na internet.
Regulamentação é um caminho para proteger criadores e usuários
Diante dos desafios apresentados pela IA, Balaji e especialistas defendem a criação de normas que regulamente o uso de dados por essas tecnologias. Ele ressalta que, sem essas mudanças, a internet se tornará um espaço onde criadores não poderão competir com os recursos ilimitados das IAs e, consequentemente, terão sua relevância e seu sustento ameaçados.
Para ele, regulamentar a ferramenta é crucial para garantir que o ecossistema digital continue a ser um espaço onde conteúdos originais são valorizados e onde os consumidores têm acesso a informações de qualidade.