Organizações de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) de todo o mundo estiveram reunidas em Cascais, em Portugal, para explorar o que a inteligência artificial (IA) pode significar para a área no presente e no futuro. O tema esteve presente durante toda a programação do Fórum Global de Políticas do Health Technology Assessment international (HTAi), a maior sociedade do mundo na área de ATS. O evento ocorreu entre os dias 22 a 26 de janeiro, com representantes de diversos segmentos, como agências de ATS de diversos países, indústrias farmacêuticas, pacientes, entre outros interessados no tema. O Brasil foi representado pela Secretaria-Executiva da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
Reconhecido por ser um importante espaço de diálogo e troca de conhecimento em discussões prioritárias para área de ATS, o Fórum trouxe nessa edição um tema que tem movido discussões internacionais. Com uma participação plural, foi possível perceber as diferenças de amadurecimento entre países em relação ao uso da IA nas diferentes etapas do ciclo de vida da ATS. Países compartilharam experiências e trouxeram exemplos de como o recurso já tem sido utilizado na área, por exemplo, para seleção de pacientes para estudos clínicos, elaboração de sínteses de evidências, desenhos de modelos econômicos, acompanhamento de mercado e ainda atividades administrativas.
Presente no evento, a técnica da Secretaria-Executiva da Conitec, Luciana Xavier, destaca o consenso entre participantes de que a IA pode ser uma ferramenta importante, um facilitador na área. “É claro que ainda existe receio, já que não se estão tão consolidadas questões sobre segurança de dados e transparência, mas há uma expectativa geral muito alta da IA ser utilizada em toda cadeia de valor da saúde, passando desde a pesquisa e desenvolvimento, à produção de fármacos, a avaliação de tecnologias em saúde e o cuidado de pacientes”, pontuou.
Embora haja grandes expectativas sobre as aplicações da IA no campo, o Fórum destacou a necessidade do trabalho humano, como fundamental para validar os dados gerados pela ferramenta. “Ficou claro que não é a inteligência humana versus a inteligência artificial, é a inteligência humana associada à inteligência artificial. A inteligência vai complementar a expertise humana. Mas é necessário que humanos, com capacidade técnica, guiem, validem e revisem as atividades da inteligência artificial, claro, com base na ética. É possível que num futuro próximo sejamos mais revisores e a IA executora, o que pode facilitar nossos processos, diminuindo muito o tempo de realização de algumas atividades”, explicou Luciana.
HTAi
A HTAi é uma organização global sem fins lucrativos dedicada a promover a importância e o uso da avaliação de tecnologias em saúde (ATS). Ela reúne países do mundo todo e tem sido fórum importante para discussões estratégicas na área. A Secretaria-Executiva da Conitec tem participado ativamente dos encontros e das atividades promovidas pela organização.