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Pesquisadores da Microsoft e da Universidade Carnegie Mellon divulgaram um estudo analisando como o uso da inteligência artificial generativa no trabalho pode afetar as habilidades de pensamento crítico.
Participaram da pesquisa 319 pessoas que faziam uso de IA generativa em seu trabalho pelo menos uma vez por semana. Na introdução, a equipe justifica a preocupação em realizar o estudo.
“Usadas de forma inadequada, as tecnologias podem e de fato resultam na deterioração das faculdades cognitivas que deveriam ser preservadas”, observam os pesquisadores. “Como observou Bainbridge, uma das principais ironias da automação é que, ao mecanizar as tarefas rotineiras e deixar o tratamento de exceções para o usuário humano, você o priva das oportunidades rotineiras de praticar seu julgamento e fortalecer sua musculatura cognitiva, deixando-o atrofiado e despreparado quando as exceções surgirem.”
Segundo eles, grande parte das pesquisas sobre o efeito da IA generativa nas habilidades de raciocínio está concentrada em ambientes educacionais, onde a preocupação com o cultivo de habilidades é mais acentuada, mas as mudanças “se estendem a um amplo conjunto de profissões e fluxos de trabalho de conhecimento” e pouco se sabe sobre as demandas de pensamento crítico dessas profissões.
O estudo
Os entrevistados foram solicitados a compartilhar três exemplos de como eles usam a IA generativa no trabalho. As atividades foram divididas em três categorias principais: criação, obtenção de informação e pedir um conselho/orientação.
Na sequência, foi perguntado se eles exerciam o pensamento crítico ao fazer a tarefa e se o uso da ferramenta os fazia utilizar mais ou menos esforço para pensar criticamente. Para cada tarefa que os entrevistados mencionaram, eles também foram solicitados a compartilhar o quão confiantes estavam em si, na IA generativa e em sua própria capacidade de avaliar resultados.
Segundo o estudo, os trabalhadores pesquisados usam assistentes de inteligência artificial para tudo, desde escrever códigos, analisar dados até redigir e-mails e criar apresentações. Quase 97% dos participantes relataram usar o ChatGPT.
Foram identificadas três mudanças principais no modo como os profissionais se envolvem com seu trabalho ao usar ferramentas. A coleta de informações se torna, na prática, verificação de informações; a resolução de problemas se transforma em integração de respostas e a execução de tarefas evolui para uma administração de tarefas.
“A IA tende a inventar informações para concordar com quaisquer pontos que você esteja tentando fazer, então leva um tempo valioso para verificar manualmente”, relatou um dos participantes. Essa experiência foi comum em diferentes profissões, com trabalhadores relatando que precisam cruzar as respostas da ferramenta com fontes confiáveis.
‘Atrofia cognitiva’
Muitas vezes a pressão do tempo surgiu como um fator significativo para determinar a forma com que os profissionais se envolviam com a inteligência artificial. Um representante de desenvolvimento de vendas observou que atingir cotas frequentemente os forçava a priorizar a velocidade em vez da verificação. “A razão pela qual eu uso IA é porque, em vendas, eu preciso atingir uma certa cota diariamente ou posso perder meu emprego. Eu uso IA para economizar tempo e não tenho muito espaço para refletir sobre o resultado.”
Esse padrão pode levar ao que os pesquisadores chamam de “atrofia cognitiva”, um cenário no qual oportunidades regulares para praticar habilidades de pensamento crítico diminuem à medida que os trabalhadores dependem cada vez mais da inteligência artificial ??para tarefas de rotina.
“Os dados mostram uma mudança no esforço cognitivo à medida que os trabalhadores do conhecimento mudam cada vez mais da execução de tarefas para a supervisão ao usar a IA generativa”, escreveram os pesquisadores. “Surpreendentemente, embora a IA possa melhorar a eficiência, ela também pode reduzir o engajamento crítico, particularmente em tarefas rotineiras ou de menor risco nas quais os usuários simplesmente confiam na IA, levantando preocupações sobre a dependência de longo prazo e a diminuição da resolução independente de problemas.”
Os autores do estudo sugerem que sejam desenvolvidas estratégias para manter as habilidades de pensamento crítico dos trabalhadores em um local de trabalho onde a inteligência artificial seja utilizada, recomendando a projeção de ferramentas que incentivem ativamente o engajamento crítico em vez da aceitação passiva de resultados.
Com informações de 404media e Science Blog
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