A OpenAI e o Google parecem concordar em uma coisa: para que seus assistentes de IA deixem de ser simples chatbots
20/02/2025
Imagem gerada pelo DALL-E no ChatGPT
Memória aprimorada em IA refere-se à capacidade de lembrar e
utilizar informações de interações passadas para fornecer respostas mais
personalizadas e contextuais, permitindo continuidade nas conversas e adaptação
às preferências do usuário. Pode parecer um detalhe técnico sem grande impacto,
mas essa funcionalidade muda completamente a forma como interagimos com a IA.
Com a nova função, disponível inicialmente apenas para
assinantes do Gemini Advanced via plano Google One AI Premium e na versão em
inglês, o Gemini agora pode relembrar interações passadas e utilizar esse
contexto para fornecer respostas mais relevantes. Isso significa que os
usuários podem continuar conversas anteriores sem precisar começar do zero ou
procurar por tópicos passados. Além disso, é possível pedir que o Gemini resuma
discussões anteriores e desenvolva projetos existentes.
“Não importa se você está fazendo uma pergunta sobre algo
que já foi discutido ou pedindo para o Gemini resumir uma conversa anterior, o
Gemini agora usa informações de chats relevantes para elaborar uma resposta”,
destaca o Google.
O ChatGPT já permite que o usuário ative a memória, mas
ainda não é a versão aprimorada [já especulada, inclusive com prints da tela,
nas redes sociais]. O Gemini também já trazia essa possibilidade, mas a
diferença agora é permitir que a IA faça referência a discussões do passado,
como destacado acima.
Benefícios e cuidados
A ideia de um assistente que lembra suas preferências e
projetos é atrativa para quem usa uma IA generativa para tarefas recorrentes. Pense em um estudante que pode retomar uma pesquisa sem
precisar contextualizar tudo novamente ou em um profissional que delega tarefas
ao assistente sem repetir instruções. Até para uso corporativo, essa memória
pode ser um diferencial ao manter um histórico de solicitações e refinamentos
em projetos longos.
Como se vê, as possibilidades prometidas são enormes, mas
junto com a conveniência vem também o receio: até que ponto essas interações
estão protegidas?
No anúncio da novidade, além de prometer liberar para mais
usuários e idiomas, o Google ressaltou que os usuários têm controle sobre quais
informações são armazenadas. O histórico de bate-papo pode ser revisado,
excluído ou mantido por um período determinado pelo usuário, acessando a
configuração “Atividade dos aplicativos Gemini” no menu de perfil. O Gemini
também indicará visualmente quando estiver utilizando informações de conversas
anteriores para formular respostas.
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Neste aspecto, a memória dos assistentes de IA pode ser
vista como uma faca de dois gumes. De um lado, torna o uso da tecnologia mais
eficiente e intuitivo. De outro, levanta questões sobre a segurança dos dados e
o uso dessas informações para treinar modelos sem consentimento explícito, em
alguns casos. Ou seja, mais do que um agregado ao produto, a memória certamente
será pauta para mais debate e polêmica em torno da IA generativa.
O desafio agora é encontrar um ponto de equilíbrio entre
comodidade e segurança. Se as big techs realmente querem ganhar ou transmitir
confiança em suas IAs, vão precisar garantir que a memória funcione como um
recurso a serviço do usuário e não mais uma fonte para coleta de dados.
Repórter: Alexandre Gonçalves / Newsletter agenTV3