Astronautas não estão presos na ISS, dizem Nasa e Boeing – 01/07/2024 – Ciência

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Os dois astronautas da Nasa que viajaram no início de junho para a Estação Espacial Internacional (ISS) voltariam para a Terra, originalmente, algumas semanas atrás, completando um voo de teste da cápsula Starliner, da Boeing.

Mas a estadia de Barry Eugene Wilmore e Sunita Williams na ISS se estenderá mais algum tempo enquanto engenheiros da agência espacial e da Boeing analisam os propulsores da cápsula.

Isso não significa, porém, que eles estejam presos ou abandonados, ressaltaram representantes da Nasa e e da Boeing na última sexta (28). E não há conversas sobre uma missão de resgate.

“Não estamos presos na ISS”, disse Mark Nappi, gerente de programa Starliner, durante uma entrevista coletiva. “A tripulação não está em perigo.”

O gerente do programa de tripulação comercial da Nasa, Steve Stich, também tentou acalmar os ânimos.

“A nave está em boas condições”, disse ele. “Quero deixar muito claro que Barry e Sunita não estão abandonados no espaço. Nosso plano é trazê-los de volta na Starliner e levá-los para casa no momento certo.”

Esse momento certo, segundo Stich, é pós-conclusão da análise de 5 dos 28 propulsores que tiveram problemas no momento em que a cápsula se aproximava da ISS. Na ocasião, os computadores da Starliner, que estavam guiando a nave autonomamente, foram capazes de compensar com os propulsores restantes.

Quatro dos cinco propulsores agora parecem funcionar corretamente; o outro propulsor não será usado na viagem de volta.

Os gerentes da missão esperam que a Starliner possa se desacoplar da Estação Espacial e levar Wilmore e Williams em sua viagem de retorno do espaço, mas eles não entendem completamente o que causou o problema.

Desastres fatais na história da Nasa, incluindo a perda dos ônibus espaciais Challenger e Columbia, ensinaram aos gerentes de missão a serem cautelosos e curiosos quando algo não está totalmente certo.

“Acho que eles estão cumprindo seu papel”, disse Wayne Hale, diretor de voo aposentado da Nasa, em entrevista. “Não ter pressa para voltar para casa faz muito sentido para reunir o máximo de informações para garantir que todos os problemas sejam corrigidos. Isso faz muito sentido, levar o tempo necessário.”

Nappi ofereceu uma avaliação semelhante durante a entrevista coletiva de sexta-feira, dizendo ser prudente usar o tempo para análises adicionais.

“Seria irresponsável da nossa parte, se temos tempo e queremos fazer mais, não fazê-lo”, afirmou ele.

A partir desta semana, os engenheiros farão testes em terra em White Sands, na Califórnia, com um propulsor idêntico ao da Starliner. Os disparos reproduzirão os realizados pela cápsula no espaço.

Isso provavelmente levará algumas semanas, disse Stich. “Então, daremos aos engenheiros a chance de examinar esse propulsor”, disse ele. “Essa será a verdadeira oportunidade de examinar um propulsor, assim como tivemos no espaço.”

Os engenheiros não vão ter a chance de analisar diretamente os propulsores problemáticos, pois eles estão localizados no que é conhecido como o módulo de serviço. Essa parte será ejetada durante o voo de volta, queimando na atmosfera.

“O teste nos ajudará a entender o desempenho do propulsor e pode nos dar 100% de confiança de que tudo o que vimos em órbita está bem”, disse Stich. “É apenas mais uma parte dos dados que podemos ter antes de realmente desorbitar a nave.”

Ex-funcionários da Nasa, como Hale, observaram que, no passado, o fato de gerentes de missão ignorarem as preocupações de engenheiros contribuiu para acidentes fatais.

Durante o lançamento do Columbia em janeiro de 2003, um pedaço de espuma isolante do tanque externo de combustível se soltou e atingiu a asa esquerda do ônibus espacial. Hale, que estava prestes a assumir como gerente de integração de lançamento do programa do ônibus espacial, ligou para contatos no Departamento de Defesa para saber se tinham como inspecionar visualmente o ônibus espacial em busca de danos.

Mas os gerentes mais altos na cadeia de comando da Nasa não estavam curiosos e disseram a Hale para retirar o pedido de ajuda. Ele obedeceu.

O que ninguém sabia na época era que o impacto da espuma havia perfurado um buraco na asa. Ao retornar à Terra, o Columbia se desintegrou, matando os sete astronautas a bordo.

“Olhando para trás, certamente no caso da Columbia não foram feitas perguntas suficientes”, disse Hale. “Não foi dedicado tempo suficiente. E a lição claramente foi aprendida de que você deve aproveitar o tempo disponível para obter a resposta mais completa e responder a todas as perguntas que os especialistas possam ter.”

Enquanto a Nasa e a Boeing estudam a espaçonave, Stich disse que Wilmore e Williams seriam capazes de entrar na Starliner para voltar para casa em caso de emergência na Estação Espacial.

De fato, quando um satélite russo se desintegrou inesperadamente em órbita na última quinta (27), eles se refugiaram brevemente na nave e a teriam usado se a ISS tivesse sido atingida por um grande pedaço de detritos.

A cápsula é certificada para passar 45 dias acoplada à ISS, devido às limitações do design atual das baterias da Starliner. Mas, até agora, as baterias têm se saído bem, e a estadia pode ser estendida além de 45 dias, acrescentou Stich.

A Starliner não é o único problema a ser resolvido pela Nasa no momento. Uma caminhada espacial foi interrompida recentemente quando água vazou de um cabo que se conecta a um traje espacial enquanto os astronautas estavam na câmara de ar. Os engenheiros ainda não entendem o que aconteceu.

“Teremos que pensar mais sobre isso”, disse Bill Spetch, gerente de integração de operações da Nasa para o programa da Estação Espacial Internacional.

A próxima caminhada espacial, que estava programada para a última terça-feira, não ocorrerá até pelo menos o fim deste mês, afirmou Spetch.


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