A Biotrop, uma das maiores produtoras de bioinsumos do Brasil, lançou uma inteligência artificial projetada para realizar análises de solo personalizadas para produtores. Eva, como a tecnologia foi batizada, é capaz de integrar dados de pesquisas científicas, informações de mercado e da genética do solo. Com as informações cruzadas, a tecnologia fornece indicativos que incluem recomendações de manejo e alerta de potenciais ameaças, de acordo com Jonas Hipólito, diretor de Inovação da Biotrop.
A novidade é o primeiro lançamento tecnológico da companhia desde a conclusão da sua venda, da gestora de private equity Aqua Capital para a Biobest, empresa belga que atua no segmento de insumos agrícolas biológicos, concluída em dezembro de 2023.
Com o novo grupo controlador, as inovações que já vinham sendo incubadas ganharam ainda mais projeção, afirma Hipólito. “Representa um passo importante neste novo momento da empresa, mas celebra algo que já vínhamos fazendo e continuaremos a fazer”.
A Eva é capaz de ler informações disponíveis nas bases científicas em diversos estudos publicados relacionados à agricultura por meio de dados de pesquisa e informação gerada pela Biotrop, que são mais de cinco mil experimentos por ano.
Ela acessa as informações geradas pela equipe comercial geradas em campo e junta as informações com os dados de genética de solo para fazer uma interpretação mais acurada para cada cliente. “Foi treinada para interpretar isso e trazer uma recomendação para que o nosso cliente possa entender como está a biologia do solo dele”.
De acordo com o executivo, com a Eva, é possível entender o solo em quatro dimensões. A primeira é fertilidade biológica, que indica como a biologia do solo permite a absorção de nutrientes e a nutrição da planta. Há ainda os agentes biológicos, que apontam como os microrganismos do solo podem contribuir para a proteção e sanidade das culturas; a biodiversidade, que avalia a presença de fungos e bactérias; e quais as principais ameaças que podem impactar a produção.
A ferramenta integra o projeto Agrobiota, criado em 2021 para realizar análises de solo em escala comercial. Já foram investidos mais de R$ 10 milhões no Agrobiota, que agora dá um novo passo.
“Temos um corpo de pós-doutores, pessoas de fora do país, das melhores faculdades, e, além disso, toda a parte de desenvolvimento, interface com o cliente, banco de dados e servidores para rodar tudo isso”, explica Hipólito.
Desenvolvida no Brasil, a IA será levada para fora do país. De acordo com o diretor, a unidade da Biotrop nos Estados Unidos vai oferecer a tecnologia para seus clientes, usando software e tecnologia desenvolvida aqui. “O Brasil lidera o mercado de biológicos no mundo, e o nosso novo grupo controlador reconhece esse valor e quer expandir essa expertise para outras geografias”. A empresa espera gerar entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões apenas em serviços nos próximos cinco anos.
A companhia já utiliza IA em seus processos de inovação, como na seleção dos microrganismos e desenvolvimento de produtos. A Eva é a primeira IA criada para o produtor, cliente ou consultor.