Cápsula que voltou do lado oculto da Lua é aberta; veja o que cientistas acharam

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A cápsula com amostras do lado oculto da Lua, trazidas pelo módulo lunar chinês Chang’e-6, foi aberta nesta sexta-feira (28). O conteúdo foi entregue à Academia Chinesa de Ciências em uma cerimônia especial.

A missão histórica marca a primeira vez que os cientistas poderão estudar de perto o conteúdo do outro lado de nosso satélite.

A Chang’e-6 retornou para a Terra na terça-feira (25) carregando 1,935 kg de amostras do lado oculto da Lua, segundo a Administração Espacial Nacional da China, após a missão de 53 dias no satélite.

Após o retorno do módulo lunar, a missão chinesa entra em uma nova fase de pesquisa científica. As amostras foram seguramente transportadas para o laboratório e deverão ser armazenadas e examinadas pelos cientistas chineses — e depois por cientistas de todo o mundo.

Veja um vídeo do momento no qual a cápsula foi aberta:

O que a missão encontrou do lado oculto da Lua?

Mesmo que ainda não tenham sido analisadas em laboratório, apenas uma inspeção visual das amostras trazidas do lado oculto da Lua já indicam que sua composição pode diferir bastante daquelas que foram trazidas do lado visível do satélite.

As amostras do lado visível da Lua, trazidas por outra missão lunar chinesa, a Chang’e-5, em 2020, são descritas como finas e soltas. As novas amostras não se parecem com isso.

“Pela aparência, descobrimos que as amostras da Chang’e-6 parecem mais pegajosas do que as amostras [lunares] anteriores e são mais compactadas, o que é claro de se ver. Certamente, também esperamos novas descobertas científicas e resultados através do acompanhamento sistemático do trabalho que virá a seguir”, disse Ge Ping, porta-voz da missão Chang’e-6.

Pesquisa científica e colaboração internacional

A pesquisa científica destes materiais deve envolver diversas disciplinas e áreas acadêmicas, desde análises básicas de suas propriedades físicas e químicas, como estudos geológicos e geoquímicos mais aprofundados.

“Quanto ao próximo passo, os Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências, a unidade geral do sistema terrestre de nossa missão lunar, primeiro vão abrir o recipiente das amostras e, em seguida, vão preparar as amostras obtidas na perfuração e recuperação de superfície e embalá-las para armazenamento”, acrescentou Ge.

“De acordo com os regulamentos sobre gerenciamento de amostras lunares emitidos pela Administração Espacial Nacional da China, espera-se que as inscrições sejam abertas para instituições de pesquisa científica e cientistas nacionais após meio ano”, falou.

O porta-voz também ressaltou que cientistas do mundo todo são bem-vindos para enviarem pedidos para estudar as amostras lunares históricas.

“A China sempre manteve uma atitude positiva e aberta em relação às inscrições internacionais para estudar as amostras lunares, a fim de promover efetivamente a cooperação internacional na exploração lunar e do espaço profundo, realizar pesquisas e aplicações conjuntas e compartilhar conquistas científicas”, disse Ge.

Os resultados da análise destas amostras podem ajudar os cientistas a analisar a evolução da Lua, da Terra e do sistema solar – ao mesmo tempo que ajudam o objetivo da China de utilizar os recursos da Lua para aprofundar a sua exploração espacial, segundo os especialistas.

Missão espacial Chang’e-6

As amostras foram coletadas usando uma broca e um braço robótico em um local dentro da extensa bacia do Polo Sul-Aitken, uma cratera de impacto formada há cerca de 4 bilhões de anos no outro lado da Lua, que nunca é visível para a Terra.

Um ascensor então os levantou da superfície lunar e os transferiu em órbita lunar para um veículo de reentrada, que então viajou de volta à Terra após se separar de seu orbitador lunar.

O progresso da Chang’e-6 – a missão tecnicamente mais complexa da China até à hoje – tem sido acompanhado com intenso interesse no país desde o seu lançamento em 3 de maio.

No início deste mês, imagens do módulo lunar exibindo a bandeira chinesa e parecendo ter perfurado o caractere “zhong” – abreviação de China – na superfície lunar se tornaram virais nas redes sociais chinesas.

*Com informações da Reuters e da CNN Internacional


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