O uso da inteligência artificial na saúde vem gerando uma sensação de otimismo entre os CEOs atuantes no Brasil. Estudo da PwC revela que 58% dos líderes empresariais desse setor relatam ganhos de eficiência na produtividade dos seus colaboradores após o emprego da tecnologia. Considerando também os gestores de outros segmentos, o percentual é de 52%.
Os dados integram a 28ª edição da Global CEO Survey, que ouviu mais de 4,7 mil CEOs em cerca de 100 países. Ainda de acordo com o extrato brasileiro, 35% dos executivos da saúde identificaram aumento na receita, pouco acima da média nacional (34%). O recorte setorial mostra que 53% dos CEOs têm alta confiança na integração da IA em processos-chave, índice superior à média nacional (51%) e da média global do segmento (33%).
CEOs elencam áreas prioritárias para inteligência artificial na saúde
A inteligência artificial na saúde brasileira pode se traduzir em avanços na automação de tarefas administrativas, personalização de tratamentos e maior eficiência operacional.
“Segundo a pesquisa, 97% dos líderes do segmento revelam que suas maiores prioridades nos próximos três anos envolvem integrar a IA (incluindo a versão generativa) em plataformas tecnológicas e 84%, em processos de negócios e fluxos de trabalho. Outros 84% também citam a aplicação da tecnologia em estratégias relacionadas à força de trabalho e ao desenvolvimento de competências”, ressalta o sócio e líder do setor de saúde na PwC Brasil, Bruno Porto.
“A disposição do setor em relação à tecnologia é muito superior à média global do mesmo segmento e à média geral nacional. Os dados denotam a necessidade de acelerar digitalização e o atraso na disrupção tecnológica da indústria”, avalia Porto.
Ele exemplifica que, na saúde, a Lei n° 11.196/05, conhecida como Lei do Bem, pode e deve ser usada como estratégia para que empresas saiam na frente nessa jornada de disrupção digital. Trata-se de um dos principais mecanismos de incentivo privado à inovação tecnológica do país.
A Lei do Bem oferece apoio financeiro indireto, na forma de incentivos fiscais, para empresas de todos os setores e estados que atendem a três requisitos básicos – serem pessoas jurídicas com regularidade fiscal, estarem sob o regime de tributação do Lucro Real e desenvolverem atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).
Horizonte de viabilidade
A aposta na genIA dialoga com a necessidade de reinvenção dos negócios identificada na pesquisa, uma vez que 47% dos CEOs da saúde acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem. Esse percentual é maior que o do ano anterior, quando 42% dos entrevistados já identificavam essa necessidade para a viabilidade dos seus negócios.
“Quando observamos as ações de reinvenção nos últimos cinco anos, podemos ver que elas estão muito voltadas ao reconhecimento sobre a base de clientes e a novas formas de precificação a partir do uso da tecnologia”, complementa Porto.
Horizonte positivo
Os CEOs da saúde ainda demonstram otimismo em relação à economia global, com 78% projetando aceleração nos próximos 12 meses, resultado acima da média global do setor (66%), da média nacional (68%) e da global para todos os setores (58%).
Apenas 9% esperam desaceleração, enquanto 13% projetam estabilidade. Em relação à economia local, 72% dos líderes do setor no país esperam aceleração, índice próximo à média nacional, de 73%, e bem acima da média geral global e do setor (57% e 62%, respectivamente).
Já 47% dos respondentes disseram que planejam ampliar o quadro de funcionários no próximo ano, enquanto apenas 16% pretendem reduzir. O resultado está abaixo da média geral do Brasil, recorte no qual 53% planejam expandir as equipes, enquanto 14% preveem cortes. “Ainda assim, quase 50% é um índice relevante”, opina Porto.
Como acelerar a transformação?
Segundo Porto, as organizações de saúde que se destacarão nos próximos anos serão aquelas que agirem rapidamente para entender esse cenário. O executivo lança alguns questionamentos essenciais para os CEOs do setor de saúde:
- Você está avançando com rapidez e disciplina para integrar tecnologias avançadas, como inteligência artificial, aos processos clínicos e administrativos? Essas tecnologias estão sendo utilizadas para melhorar o diagnóstico, o atendimento personalizado e a eficiência operacional?
- Quais são as oportunidades inexploradas para impulsionar o crescimento e a lucratividade? Sua organização está inovando em serviços e produtos que atendam à crescente demanda por saúde preventiva, telemedicina e soluções de baixo impacto ambiental?
- Você tem uma visão clara de como a estrutura e as fronteiras da indústria da saúde estão mudando? Como sua organização está adaptando suas operações, capacidades e modelos de negócios para responder às transformações causadas pela digitalização, envelhecimento da população e mudanças regulatórias?
- Você está investindo de maneira adequada (e alocando os melhores talentos) em suas maiores prioridades? Está priorizando iniciativas que aumentem a agilidade da organização para realocar recursos, adotar novas tecnologias, expandir o acesso aos cuidados e melhorar a experiência dos pacientes em um ambiente altamente competitivo e em constante evolução?