Você já parou para pensar no quanto o ChatGPT sabe sobre nós?
Depois de dois anos de interações diárias com a inteligência artificial da OpenAI, é correto dizer que ela tem uma enorme base de dados que, de alguma forma, incluem não apenas as informações que compartilhamos por ele, mas nossas preferências e até mesmo traços de nossa personalidade.
Um editor do Xataka decidiu fazer um teste banal com o ChatGPT, mas que entregou resultados inquietantemente reveladores. E quem sabe começar a pedir conselhos para a IA seja mais adequado e barato que procurar um terapeuta, pois o chatbot aprendeu muito sobre nós depois de tantas conversas.
Uma poderosa memória contextual
O autor do teste ficou surpreso ao descobrir que o ChatGPT para fazer recomendações baseadas nas interações interiores do usuário.
Por exemplo, ele perguntou ao chatbot algumas sugestões de presentes para um amigo oculto, e a IA forneceu 20 opções, separando tudo em cinco categorias que refletiam de forma efetiva os seus interesses.
O ChatGPT foi capaz de conectar informações anteriores, e não apenas armazenar os dados. Ele se lembrou do smartwatch do autor do artigo, ao discutir sobre VO2 max e recordou consultas anteriores sobre lesões, mencionando inclusive que ele teve problemas no passado com a tíbia.
O chatbot ainda conseguiu revelar traços da personalidade que estavam ocultos até mesmo para o usuário, se mostrando consciente sobre o seu comportamento durante as interações.
Analisou rotinas, momentos de lazer e até mesmo a intolerância a alguns alimentos para realizar recomendações altamente personalizadas sobre um estilo de vida mais saudável.
E a nossa privacidade?
O autor destaca como cada interação com o ChatGPT funciona como uma sessão de mineração de dados sobre a personalidade do usuário.
A IA não está se limitando a processar as informações. Ela está analisando padrões, a linguagem recorrente e as interações com os usuários para se tornar mais potente e personalizada.
Essa profunda compreensão psicológica de uma IA pode se converter em uma enorme crise existencial. Em mãos erradas, um chatbot possui um enorme potencial de (por exemplo) manipular uma depressão de alguém.
Alguns países da Europa e o Brasil estão implementando legislações específicas para o uso da inteligência artificial nos mais diferentes campos.
A abordagem dos legisladores é considerada protecionista, já que prioriza a privacidade dos usuários. E muitos se questionam nesse momento se tais leis podem representar um atraso no desenvolvimento dessa tecnologia, algo que é considerado inevitável neste momento.
É certo que as IAs precisam ser reguladas pelos países. Mas… como fazer para conter essa consciência sobre como é cada usuário em função das interações com o chatbot?
Não dá pra negar que tudo isso é fascinante e, ao mesmo tempo, preocupante. As ferramentas de IA estão compreendendo como os usuários são, e estão se tornando conscientes disso.
O que preocupa aqui não é apenas a questão da privacidade, mas também da autonomia individual. Do usuário, e da própria inteligência artificial.
Será que estamos preparados para um futuro em que o ChatGPT pode mesmo compreender aspectos profundos de nossa personalidade? E como a IA vai lidar com isso?
Ou seja, o debate sobre como as IAs vão tratar os nossos dados adicionados nos chatbots acaba de ficar mais complexo e profundo, indo muito além da proteção de dados.
Passou a ser uma espécie de preparação para um futuro imprevisível, já que o ChatGPT sabe demais sobre todo mundo.
