Como a chinesa DeepSeek abalou o mercado de inteligência artificial e ameaça implodir o Stargate de Donald Trump antes mesmo de ele sair do papel

Duas pessoas olhando tela com os dizeres AI com um cérebro desenhado em led atrás. Em primeiro plano, computador com logo da IA chinesa DeepSeek na tela

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Quando Donald Trump anunciou o Stargate, um projeto com a ambição de colocar os Estados Unidos na dianteira das pesquisas sobre inteligência artificial no mundo, imaginava-se que a China não deixaria barato. O que pouca gente esperava era uma resposta tão rápida.

Trump anunciou o Stargate, uma parceria com várias big techs cujos investimentos podem alcançar US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos, logo no segundo dia de seu novo mandato.

Coincidência ou não, a reação chinesa foi tão imediata que até mesmo os especialistas mais atentos demoraram a perceber a dimensão do anúncio feito ainda na semana passada pela DeepSeek.

A startup chinesa lançou um novo modelo de inteligência artificial que não deixa nada a dever às versões mais avançadas de rivais como o ChatGPT, a Meta e o Claude — e em certos aspectos é até superior a elas, principalmente no que se refere à “capacidade de raciocínio”.

À primeira vista não parecia nada demais. Afinal, empresas norte-americanas e chinesas disputam bit a bit a hegemonia no setor.

A façanha da DeepSeek

O anúncio da DeepSeek ganhou ares de façanha quando os especialistas se deram conta de como ela chegou ao novo modelo.

A DeepSeek afirma ter desenvolvido e treinado seu novo modelo de inteligência artificial sem acesso a semicondutores de alto desempenho e com um investimento de algo entre US$ 5 milhões e US$ 6 milhões (entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões), um valor baixíssimo para o setor.

“A empresa precifica seus modelos a valores entre 20 e 40 vezes mais baratos que os equivalentes da OpenAI”, informa a gestora Bernstein em nota divulgada a seus clientes no domingo (26).

Não à toa, as ações do setor de tecnologia iniciam a semana com um tombo em Nova York.

Pouco depois da abertura, o índice Nasdaq, no qual estão listadas as big techs, caía mais de 3% em Nova York.

EUA x China: a ‘guerra dos chips’

Já faz alguns meses que empresas chinesas têm lançado novos modelos de inteligência artificial de baixo custo.

A própria DeepSeek protagonizou outros lançamentos menores rumorosos no fim de 2024.

Isso ocorre no contexto de uma “guerra de chips” entre os Estados Unidos e a China.

Na tentativa de dificultar o salto tecnológico chinês, o governo norte-americano vem impondo uma série de restrições à exportação de semicondutores por fabricantes estabelecidos em seu território.

DeepSeek tirou leite de pedra

Sem acesso aos equipamentos mais avançados, os chineses começaram a improvisar.

O que a DeepSeek conseguiu foi demonstrar que é possível concorrer com o ChatGPT mesmo sem dispor da mesma capacidade de processamento — e por custos consideravelmente menores.

De acordo com um relatório de pesquisa publicado pela provedora de serviços em IA, o custo de treinamento de um de seus modelos não chegou a US$ 6 milhões.

Já o resultado prático foi um modelo tão ou mais eficaz que o ChatGPT, segundo especialistas do setor.

A expectativa agora é de uma redução radical dos custos de desenvolvimento da IA, o que coloca em xeque projetos grandiosos como o Stargate, bem como os vultosos investimentos das big techs em inteligência artificial.

DeepSeek vs.ChatGPT

A título de comparação, o custo de treinamento do GPT-4 foi estimado em US$ 80 milhões a US$ 100 milhões (de R$ 473 milhões a R$ 591 milhões) apenas em programação.

Em relação ao GPT-5, nova versão da IA em desenvolvimento, há rumores de que o investimento teria ultrapassado a marca de US$ 1 bilhão.

Os cálculos não levam em conta o altíssimo custo operacional dos data centers de empresas como a OpenAI, que abrigam milhares de caríssimas GPUs e muitas vezes precisam de uma usina de energia elétrica exclusiva para manter o serviço no ar.

Estimativa do início do ano passado indicava que a OpenAI gastava em torno de US$ 700 mil por dia para manter o ChatGPT disponível.

Além disso, enquanto o ChatGPT recorre a 100 mil GPUs de primeira linha, a DeepSeek precisa de apenas 2 mil não tão avançados quanto os da concorrência.

É essa discrepância que faz com que as ações das big techs anotem uma queda acentuada nesta segunda-feira (27).

A ação da Nvidia, por exemplo, chegou a cair 14% no pré-mercado em Nova York.

Antes da abertura, analistas consultados pela Bloomberg estimavam que as grandes empresas do setor perderiam até US$ 1 trilhão em valor de mercado somente hoje por causa do anúncio da DeepSeek.

O pulo do gato da DeepSeek

Quem lê sobre a história recente da China volta e meia se depara com uma frase atribuída ao ex-presidente Deng Xiaoping: “não importa a cor do gato desde que ele cace o rato”.

O comentário de Deng opõe o pragmatismo chinês ao objetivo das restrições impostas pelos EUA à exportação de semicondutores, que é concentrar o desenvolvimento de IA em países aliados e fazer com que empresas ao redor do mundo se alinhem aos padrões norte-americanos.

Para além dos custos mais baixos e da necessidade de uma capacidade menor de processamento, o vice-presidente de desenvolvimento e produção da Dropbox, Morgan Brown, enxerga ainda um “pulo do gato” por parte da DeepSeek.

A startup chinesa desenvolveu o que Brown chamou de “sistema de especialistas”, em contraposição ao modelo “sabe-tudo” do ChatGPT.

“Em vez de uma gigantesca IA tentando saber de tudo (como alguém se passando por médico, advogado e engenheiro simultaneamente), ela desenvolveu um sistema de especialistas que permanecem dormentes e são acionados somente quando necessário”, escreveu Brown em um fio no X, antigo Twitter.

A bolha da IA estourou?

No início de janeiro, o confundador da Oaktree Capital, Howard Marks, lançou um alerta de bolha no setor de inteligência artificial.

Marks é conhecido por ter antecipado o estouro da bolha pontocom, na virada do milênio.

Ainda é cedo para afirmar que a DeepSeek fez a bolha estourar.

Em nota a clientes, a gestora Bernstein desencoraja os investidores a se pautarem por “projeções apocalípticas” lidas nas redes sociais e mantém sua recomendação para empresas como Nvidia e Broadcom.

De qualquer modo, muitos investidores estão aproveitando para redimensionar suas posições no setor de tecnologia às vésperas da divulgação dos balanços trimestrais das big techs.

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