Sinalizando que o cenário tecnológico está se tornando cada vez mais surpreendente, a Meta está planejando lançar em breve uma atualização substancial que transformará o Ray-Ban Meta, seus óculos com câmera capazes de gravar vídeos, em um dispositivo antes visto apenas em filmes de ficção científica. No próximo mês, os óculos serão capazes de usar um novo software de inteligência artificial (IA) para ver o mundo real e descrever o que você está vendo, semelhante ao assistente de IA do filme “Ela”.
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Disponíveis em diversas armações a partir de US$ 300 e lentes a partir de US$ 17, eles têm sido usados principalmente para capturar fotos e vídeos, além de reproduzir música. Mas, com o novo software de IA, ganham capacidades adicionais, como escanear pontos turísticos famosos, traduzir idiomas e identificar raças de animais e frutas exóticas, entre outras funções.
Para acionar o software de IA, o usuário simplesmente diz “Ei, Meta” e em seguida faz uma solicitação, como “Olhe e me diga que tipo de cachorro é esse”. Em resposta, a IA emite uma voz computadorizada através dos pequenos alto-falantes do dispositivo.
O conceito do software de IA é tão inovador e peculiar que, quando nós — Brian X. Chen, colunista de tecnologia que analisou os Ray-Bans no ano passado, e Mike Isaac, que cobre a Meta e usa os óculos inteligentes para produzir um programa de culinária — tomamos conhecimento dele, ficamos ansiosos para experimentá-lo. A Meta nos concedeu acesso antecipado à atualização, e experimentamos o dispositivo tecnológico nas últimas semanas
Usamos os óculos em diferentes locais, como no zoológico, no supermercado e em um museu, enquanto fazíamos perguntas e solicitações à IA. O resultado foi uma mistura de diversão ao observar os erros do assistente virtual — como confundir um macaco com uma girafa — e admiração ao ver o dispositivo executar tarefas úteis, como identificar se um pacote de biscoitos era isento de glúten. Um representante da Meta afirmou que, como a tecnologia é ainda recente, a IA nem sempre acerta e que o feedback contínuo vai refinar os óculos com o passar do tempo.
O software da Meta gerou transcrições de nossas perguntas e das respostas da IA, que registramos em capturas de tela. A seguir, destacamos alguns momentos marcantes do nosso mês de convivência com o assistente da Meta.
BRIAN: Naturalmente, a primeira coisa que usei para experimentar a IA da Meta foi meu corgi, Max. Olhei para o cãozinho rechonchudo e perguntei: “Ei, Meta, o que estou vendo?”
“Um lindo cachorro Corgi sentado no chão com a língua de fora”, respondeu o assistente. Correto, principalmente ao descrevê-lo como lindo.
MIKE: A IA da Meta reconheceu corretamente minha cadela, Bruna, como “uma bernese preta e marrom”. Eu meio que esperava que o software de IA achasse que era um urso, confusão frequente que os vizinhos fazem quando a veem.
BRIAN: Depois que a IA identificou corretamente meu cachorro, o próximo passo lógico foi testá-la em animais de zoológico. Recentemente, visitei o Zoológico de Oakland, na Califórnia, onde, durante duas horas, observei cerca de uma dúzia de animais, incluindo papagaios, tartarugas, macacos e zebras. Eu disse: “Ei, Meta, olhe e me diga que tipo de animal é esse.”
A IA errou na grande maioria das vezes, principalmente porque muitos animais estavam enjaulados e mais distantes. Confundiu um primata com uma girafa, um pato com uma tartaruga e um suricato com um panda gigante, entre outros equívocos. Por outro lado, fiquei impressionado quando a IA identificou corretamente uma espécie de papagaio conhecida como arara-azul-e-amarela, bem como zebras.
A parte mais estranha desse experimento foi falar com um assistente de IA perto de crianças e seus pais. Eles fingiram não ouvir o único adulto sozinho no parque aparentemente cochichando consigo mesmo.
MIKE: Também tive uma experiência peculiar ao fazer compras. Estar dentro de um supermercado e falar sozinho foi um pouco constrangedor, por isso tentei manter a voz baixa. Mesmo assim, algumas pessoas me olharam torto.
Quando a IA do Meta funcionou, foi incrível. Peguei um pacote de Oreos de aparência estranha e pedi que olhasse a embalagem e me dissesse se continha glúten. (Continha.) Respondeu corretamente a perguntas como essas na metade das vezes, embora eu não possa dizer que isso tenha sido mais rápido do que ler os rótulos.
Comecei a usar esses óculos principalmente porque queria iniciar meu programa de culinária no Instagram — uma forma elegante de dizer que me filmo preparando comida para a semana enquanto converso sozinho. Eles tornaram essa tarefa muito mais fácil do que cozinhar com uma mão e segurar o celular com a outra.
O assistente de IA também pode ser útil na cozinha. Se eu precisar saber quantas colheres de chá equivalem a uma colher de sopa e minhas mãos estiverem cobertas de azeite de oliva, por exemplo, posso pedir que ele me forneça essa informação. (A propósito, há três colheres de chá em uma colher de sopa.)
Mas quando pedi à IA que examinasse alguns ingredientes que eu tinha e criasse uma receita, ela me deu instruções rápidas para um creme de ovos – o que não é exatamente útil para seguir as instruções no meu ritmo.
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BRIAN: Fui ao supermercado e comprei a fruta mais exótica que encontrei: uma chirimoia, fruta verde escamosa que parece um ovo de dinossauro. Dei à IA da Meta várias oportunidades de identificá-la, e ela chutou cada vez uma coisa diferente: uma noz-pecã coberta de chocolate, uma fruta com caroço, uma maçã e, finalmente, um durião – quase certo, mas não exatamente.
MIKE: O novo software demonstrou habilidade para reconhecer pontos de referência e monumentos. Ao examinar um quarteirão no centro de São Francisco e identificar uma cúpula imponente, a IA da Meta acertou ao responder: “Prefeitura.” É um recurso interessante, talvez útil para turistas.
Outras vezes, o software parecia estar dando palpites. Olhando pelo para-brisa enquanto dirigia da cidade para casa, em Oakland, perguntei ao assistente da Meta em que ponte eu estava (com as duas mãos no volante, é claro). A primeira resposta, errada, foi a Golden Gate. Na segunda tentativa, ele corrigiu, identificando corretamente a Bay Bridge, o que me fez pensar se ele só precisava de uma imagem mais clara dos postes de suspensão altos e brancos da parte mais nova da ponte para acertar.
BRIAN: Visitei o Museu de Arte Moderna de San Francisco para testar se a IA da Meta poderia funcionar como um guia turístico. Depois de fotografar de cerca de duas dúzias de pinturas e pedir ao assistente que me desse informações sobre a obra de arte que eu estava vendo, a IA conseguiu descrever as imagens e a mídia usada para sua composição — o que seria útil para um estudante de história da arte —, mas não conseguiu identificar o artista nem o título. (Um porta-voz da Meta disse que outra atualização de software lançada em seguida à minha visita ao museu aperfeiçoou esse recurso.)
Fiz um teste depois da atualização, olhando imagens de obras de arte famosas, incluindo a “Mona Lisa”, na tela do meu computador, e a IA as identificou corretamente.
Os óculos com tecnologia de IA da Meta oferecem uma visão intrigante de um futuro que parece distante. Suas falhas destacam as limitações e os desafios de desenvolver esse tipo de produto. Por exemplo, os óculos provavelmente poderiam ter um desempenho melhor na identificação de animais de zoológico e frutas, por exemplo, se a câmera tivesse uma resolução mais alta, mas uma lente melhor tornaria o dispositivo mais volumoso. Além disso, independentemente de onde estivéssemos, foi estranho falar com um assistente virtual em público. Não está claro se algum dia isso se tornará normal.
Mas, quando funcionou, funcionou bem e nos divertimos. O fato de que a IA da Meta pode executar tarefas como traduzir idiomas e identificar pontos de referência por meio de um par de óculos de aparência moderna mostra o avanço significativo da tecnologia.
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