Essas máquinas maravilhosas

A inteligência artificial tende a ser uma aliada no mundo corportativo, otimizando processos -  (crédito: Maurenilson Freire/CB/D.A Press)

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A ideia de máquinas dotadas de inteligência precede em milênios o mais arcaico dos computadores. Hefesto, o deus metalúrgico, forjou em bronze Talos, um robozão gigante que massacrava qualquer um que se aventurasse nas cercanias de Creta. Na mitologia hindu, o tenebroso rei Ravana tinha um drone, a carruagem voadora autônoma Pushpaka, operada remotamente pelo monarca de dez cabeças.

O medo de que essas criaturas inanimadas se voltassem contra a humanidade também não é novo. Autora de Gods and Robots (Deuses e Robôs), a historiadora e folclorista clássica Adrienne Mayor lembra, por exemplo, de Pandora. A mulher artificial foi programada por Zeus com uma missão: espalhar o mal pelo mundo, para punir os homens, que roubaram o fogo do Olimpo.

No século 21, continuamos a temer as máquinas que nós mesmos construímos. Desde que o ChatGPT começou a se popularizar, a inteligência artificial se transformou no bicho-papão do momento. E se os computadores se tornarem mais espertos, e se eles tomarem o controle do mundo, e se os robôs se revoltarem e escravizarem a humanidade?

Por enquanto, o que temos visto, nas pesquisas, são os algoritmos ajudarem na precisão de diagnósticos médicos, os softwares identificarem tesouros arqueológicos (como as 303 linhas nazcas recém encontradas no Peru); as máquinas processarem volumes inimagináveis de dados de satélites, que poderão ajudar a combater as mudanças climáticas.

É fato que a IA poderá acabar com algumas profissões, como a automação tem feito sistematicamente. Também há discussões sérias sobre os vieses de gênero e raça nos algoritmos. Evidentemente, a manipulação de vozes, imagens e dados é um risco enorme à democracia, e o temor de novas armas já se concretizou nos recentes ataques de Israel ao Líbano, com pagers programados para virarem bombas.

Em nenhum desses casos, porém, a inteligência artificial, é, per se, a vilã. As máquinas não se autoprogramam para enganarem ninguém. Não é como se os computadores do mundo todo estivessem, na calada da noite, trocando bytes entre eles para combinar alguma maldade contra o homem.

A tecnologia não tem de ser temida. A “peça” capaz de gerar destruição, reforçar preconceitos e manipular a humanidade não está dentro de nenhum computador, mas na frente dele.

 

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