Talvez seja a tentativa mais audaciosa até agora em Wall Street de explorar novas ferramentas de inteligência artificial para imitar as estratégias de lendas das finanças.
A startup de fintech Intelligent Alpha está lançando um fundo negociado em bolsa que promete usar chatbots para reproduzir o poder intelectual das mentes mais ilustres do mundo dos investimentos, como os bilionários Warren Buffett, Stanley Druckenmiller, David Tepper e outros.
Chamado de Intelligent Livermore ETF, o fundo é construído em torno de ideias de investimento geradas pelas ferramentas de inteligência artificial generativa ChatGPT, Gemini e Claude, apelidadas de “comitê de investimento”, e inspiradas pelos pensamentos e ações dos investidores famosos.
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A empresa instruirá os grandes modelos de linguagem a emular as personalidades dos investidores. O trio de chatbots escolherá de 60 a 90 empresas globais que abrangem vários setores, temas e geografias, incluindo assistência médica, energia renovável e América Latina, para citar apenas alguns exemplos.
A lista de grandes personalidades visadas pelo ETF — além de Buffett, Druckenmiller e Tepper — incluirá também Dan Loeb e Paul Singer, entre outros, embora as alocações do fundo possam não refletir necessariamente as apostas reais desses grandes investidores.
“Se pensarmos no mundo dos hedge funds hoje, existem grupos que se concentram em áreas específicas de especialização”, disse Doug Clinton, CEO e fundador da Intelligent Alpha. “De certa forma, estamos recriando os princípios básicos dessa estrutura, onde temos essas diferentes inspirações de investidores que realmente respeitamos.”
Embora as ambições do produto se destaquem como particularmente ousadas — mesmo para o mundo dos ETFs — é a mais recente tentativa de Wall Street de usar IA como ferramenta para gerar riqueza para investidores de todos os tipos. Alguns fundos alavancados já usam chatbots para processos de pesquisa e investimento e dizem que a IA pode reduzir significativamente o tempo gasto em tarefas monótonas.
Existem poucas evidências de que a IA esteja deslocando unidades de investimento em massa, e muito ainda precisa ser resolvido quando se trata de problemas como chatbots inventando coisas em suas respostas.
Também não há indícios ainda de que os investimentos escolhidos por IA tenham uma vantagem sobre o investimento passivo. Dos 16 ETFs centrados em IA nos EUA rastreados pela Bloomberg Intelligence, apenas um supera, por pouco, o desempenho do S&P 500 este ano: o Franklin Intelligent Machines ETF. O fundo retornou 19% enquanto o índice de referência das ações americanas teve um ganhou de 18% até o último fechamento.
Além disso, apenas um — o Global X Artificial Intelligence & Technology ETF — atraiu ingressos significativos, arrecadando mais de US$ 1 bilhão este ano. O segundo colocado, o Roundhill Generative AI & Technology ETF, atraiu US$ 117 milhões. O restante teve pequenos fluxos positivos ou negativos no acumulado do ano.
Clinton, da Intelligent Alpha, diz que muitos dos outros ETFs baseados em IA tendem a contar com técnicas tradicionais de aprendizado de máquina e podem ainda não ter incorporado grandes modelos de linguagem como o seu fundo. “Isso limita essas estratégias a um mercado lotado de insights quantitativos”, disse ele.
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O novo ETF homenageia Jesse Livermore — um dos mais lendários operadores de renda variável do início do século 20. O fundo tem supervisão humana.
“Só para garantir que não haja algum tipo de alucinação na carteira, como uma empresa que cometeu fraude ou algum problema flagrante”, disse Clinton. “E também que o portfólio atenda a qualquer restrição regulatória ou de compliance de que tenhamos conhecimento e que as IAs podem não estar vendo quando criam o portfólio.”