Talvez pela primeira vez a empresa tem sua dominância ameaçada por novos entrantes (OpenAI, Anthropic etc), velhos conhecidos (Microsoft, AWS, Meta etc) e pelo imponderável: as regras do jogo na internet mudaram. Os modelos de IA alteram drasticamente conceitos como tráfego de rede, neutralidade, direitos autorais.
Não é, no entanto, como se o Google tivesse sido pego desprevenido – como rolou com todos nós. A empresa afirma ser “AI first” desde 2016. E, por isso mesmo, vem preparando essa virada, que começa a ficar mais evidente agora. Gastou muito dinheiro, tempo e influência para isso.
E movimentos como os lançamentos desta semana (IA na busca, IA no email para você ler uma mensagem e mesmo assim saber o que escreveram etc) mostram que, de todos os caminhos possíveis para lidar com a IA nas nossas vidas, o Google fez sua escolha.
Se antes, funcionava como uma ponte, que levava você de um canto da internet para outro, daqui em diante, vai atuar como um elevador. Também transporta você, mas apenas para cima ou para baixo, em um ambiente fechado e sem a necessidade de sair do edifício. E o nome desse prédio é Google.
PS: dificilmente você será convidado para a reunião de condomínio.
Isso, no entanto, é o que tem pra hoje. Já há no forno do Google iniciativas voltadas a nublar de vez os limites entre digital e físico, de tal modo que a turma do metaverso arrancaria os cabelos com a própria falta de imaginação. O mais vistoso deles é o projeto Astra, um agente virtual munido com IA, capaz de ver o mundo pela lente de uma câmera, compreender o que é dito e responder em alto e bom som.