As habilidades interpessoais humanas podem ser divididas em três grandes grupos: físicas, intelectuais e emocionais. Dentre elas, as duas últimas são as mais importantes para o sucesso no mercado de trabalho, especialmente a inteligência emocional.
Ao longo do último século, diversos estudos científicos mostraram que as habilidades intelectuais são um dos fatores mais confiáveis para prever o desempenho profissional e o sucesso na carreira. Isso porque ela determina a rapidez com que aprendemos, nossa capacidade de raciocínio e nossa habilidade para resolver problemas.
Mas ser inteligente, por si só, não basta. A maioria das profissões também exige que a pessoa consiga compreender, influenciar e gerenciar suas próprias emoções e as dos outros. Essas habilidades interpessoais e intrapessoais fazem parte do que chamamos de inteligência emocional.
Assim como avaliamos as capacidades intelectuais e emocionais de uma pessoa, também podemos analisar a inteligência artificial sob esses dois aspectos. Quando falamos das habilidades intelectuais da IA, estamos nos referindo à sua capacidade de processar informações, resolver problemas e transformar conhecimento em novos conteúdos.
Geralmente, a comparação entre a inteligência artificial e a humana foca no raciocínio lógico. No entanto, suas habilidades emocionais – embora menos discutidas – são igualmente impressionantes.
Pode parecer estranho pensar que uma máquina possa ter inteligência emocional, mas basta testar qualquer ferramenta de inteligência artificial para perceber que ela já é melhor do que muita gente tanto no autocontrole quanto na forma de lidar com os outros.
Isso significa que a IA pode entender emoções humanas e até nos ajudar a desenvolver a nossa própria inteligência emocional.
A seguir, veja como ferramentas de inteligência artificial podem ajudar gestores a melhorar suas habilidades de liderança e gestão de equipes:
1. Análise de sentimentos em tempo real
Ferramentas de IA conseguem interpretar o tom, a emoção e o impacto das palavras em e-mails, mensagens e reuniões. Assim, gestores podem receber feedback sobre como sua comunicação é percebida – se transmite empatia, assertividade ou soa agressiva.
Como a escolha das palavras influencia diretamente a forma como os outros entendem nossas intenções, a inteligência artificial pode ajudar a prever reações e sugerir ajustes na comunicação.
Por exemplo, se um gestor escrever algo que pode ser interpretado como rude, a IA pode sugerir uma alternativa mais empática. Esse tipo de suporte ajuda líderes a se comunicar melhor e a demonstrar mais inteligência emocional.
2. Monitoramento do humor e engajamento da equipe
A inteligência artificial pode analisar o comportamento de um gestor – desde a forma como ele dá feedbacks até suas decisões em reuniões – e sugerir melhorias. No futuro, essas ferramentas estarão integradas a plataformas de videoconferência, fornecendo insights em tempo real sobre o estado emocional da equipe.
Com base nas reações dos funcionários, a IA pode indicar se a equipe está engajada, interessada ou desmotivada. Se perceber, por exemplo, que o líder interrompe demais os colegas, ela pode sugerir que ele pratique mais a escuta ativa. Também pode oferecer dicas para melhorar a resolução de conflitos no time.
3. Simulação de conversas difíceis
Chatbots ou ferramentas de IA com realidade virtual podem ajudar gestores a praticar conversas difíceis, como dar feedbacks negativos ou lidar com conflitos – algo que muitos líderes têm dificuldade em fazer.
Mesmo plataformas simples de IA podem servir como um “treinador virtual”, permitindo que gestores simulem diferentes abordagens para lidar com situações delicadas.
Esses recursos criam um ambiente seguro para desenvolver empatia e aprimorar habilidades como interpretar expressões faciais, gerenciar reações emocionais e resolver conflitos no ambiente de trabalho.
4. Identificação de vieses e promoção da diversidade
A IA também pode ajudar a identificar vieses inconscientes em decisões, processos de contratação e interações dentro das equipes, analisando padrões de comportamento ao longo do tempo.
Por exemplo, um gestor pode, sem perceber, tratar certos funcionários com mais formalidade do que outros ou responder mais rapidamente a pessoas que compartilham características semelhantes às suas.
Ao identificar esses padrões, a IA pode ajudar líderes a criar um ambiente mais inclusivo e justo, promovendo a equidade e fortalecendo a empatia e as relações interpessoais.
IA COMO APOIO À INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Esses exemplos mostram como a inteligência artificial pode ser uma ferramenta valiosa para gestores que desejam construir conexões mais fortes, se comunicar de forma mais eficaz e liderar com empatia.
Muitos podem sentir que não precisam de IA (ou mesmo de um coach humano) para aprimorar sua competência emocional e social. Isso, por si só, pode indicar déficits em inteligência emocional – uma característica crítica para a autoconsciência.
As habilidades emocionais da inteligência artificial são impressionantes.
Além disso, a certeza de que a IA nunca será capaz de substituí-los porque suas habilidades nunca serão igualadas por ela é, na maioria das vezes, indicativa de arrogância, grandiosidade delirante e excesso de confiança, traços comuns em indivíduos com baixa inteligência emocional.
Da mesma forma, é plausível pensar que aqueles que já demonstram níveis mais altos aproveitarão a IA emocional para refinar e aprimorar ainda mais suas habilidades sociais e emocionais – uma decisão que também sinalizaria níveis mais altos de inteligência “inteligente”.
