Publicado 28/01/2025 18:35 | Editado 28/01/2025 18:48
Foto: Rodrigo Cabral (ASCOM/MCTI)
Durante o seminário internacional “Inteligência Artificial e Mudança do Clima: tecnologia a favor do desenvolvimento sustentável e de uma transição justa”, realizado nesta terça-feira (28), em Brasília, líderes políticos, cientistas e especialistas destacaram o papel estratégico da inteligência artificial (IA) no combate às mudanças climáticas.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, enfatizou que a IA pode ser uma ferramenta poderosa para mitigar e adaptar-se aos impactos da crise climática. “A inteligência artificial permite processar grandes volumes de dados, identificar padrões e modelar cenários futuros com alta precisão, o que é essencial para desenvolvermos estratégias de mitigação mais eficientes e baseadas na ciência”, afirmou.
O evento reuniu figuras de destaque como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; e representantes de organizações internacionais como o Banco Mundial e a União Internacional de Telecomunicações. A iniciativa integra as discussões preparatórias para a COP30, marcada para novembro, em Belém (PA).
Crise climática: desafios e oportunidades para a IA
O seminário destacou que, apesar dos avanços tecnológicos, o contexto climático global segue preocupante. O embaixador Mauro Vieira mencionou eventos extremos recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas no Pantanal, alertando para a insuficiência dos compromissos atuais de redução de emissões. “A IA pode ser uma aliada crucial para enfrentar esse cenário, mas precisamos de grande compromisso e ambição”, pontuou.
Marina Silva reforçou a importância de usar a tecnologia com responsabilidade, destacando a necessidade de uma base ética e evidências científicas nas políticas públicas. Já Renata Mielli, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, ressaltou que a IA pode contribuir para a otimização de cadeias produtivas, redução de desigualdades e maior eficiência industrial, mas alertou para os riscos e incertezas associados ao avanço da tecnologia.
Plano Brasileiro de Inteligência Artificial e a Missão 1.5
Eliana Emediato, diretora de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do MCTI, apresentou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), criado com o objetivo de alinhar o desenvolvimento tecnológico às necessidades sociais e ambientais do país. Segundo Emediato, a questão ambiental foi uma prioridade durante a formulação do plano, buscando soluções inovadoras para mitigar os impactos climáticos
O painel “Fomentando soluções de IA para a Missão 1.5” explorou como a tecnologia pode ajudar a limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Estudos de caso apresentados abordaram aplicações em áreas como redes elétricas, previsão de eventos extremos e descarbonização de setores críticos, como transporte e construção.
IA e sustentabilidade: inovações e desafios futuros
Especialistas como Julian Najles, do Banco Mundial, e Maria João Sousa, da organização Climate Change AI, destacaram o potencial da inteligência artificial para reduzir emissões globais de gases de efeito estufa em até 10%. Entre as aplicações práticas, estão a otimização de redes elétricas, o avanço na produção de hidrogênio verde e o uso da IA em alertas antecipados para prevenir desastres climáticos.
No entanto, o uso da IA também apresenta desafios, como o alto consumo energético necessário para processar grandes volumes de dados. Erick Sperandio, pesquisador da Universidade de Surrey, alertou para a necessidade de tornar os modelos de IA mais sustentáveis e acessíveis, especialmente em dispositivos de ponta. “O Brasil tem enorme potencial para explorar a IA em áreas como hidrogênio verde e energia renovável”, destacou.
Rumo à COP30: IA como pilar da transição climática
O seminário marcou um passo importante na integração da IA à agenda climática global. Com o Brasil sediando a COP30, as discussões reforçam o papel do país como protagonista na busca por soluções tecnológicas para a crise climática.
“A crise climática exige respostas urgentes e baseadas na melhor ciência disponível. A inteligência artificial tem potencial de ser uma aliada transformadora nesse processo, mas seu desenvolvimento deve ser sustentável e responsável”, concluiu a ministra Luciana Santos.