Inteligência Artificial impulsiona transformação da mídia na China em 2024, diz relatório

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247 – O setor de mídia da China vem sendo pioneiro nos avanços do uso da Inteligência Artificial (IA) enquanto também se adapta a outras tecnologias digitais. É o que informa o relatório Desenvolvimento da Mídia na China (2024), feito em parceria com pesquisadores da Universidade Renmin e publicado pela All-China Journalists Association no último dia do ano passado [confira o link ao final da matéria], que detalha as mudanças estruturais e operacionais que estão moldando o futuro do jornalismo e da comunicação no país – e que também dialogam com a atual situação da mídia em todo o planeta. 

Automatização da produção de conteúdo – A inteligência artificial (IA) está no centro da transformação do jornalismo na China, trazendo novas capacidades para a produção de conteúdo, otimização editorial e personalização da experiência do usuário. As principais agências de notícias, como a Xinhua e a China News Service (CNS), têm investido massivamente em IA para aprimorar sua produção e distribuição de notícias.

A Xinhua, por exemplo, utiliza IA para gerar relatórios automáticos sobre eventos de última hora e também implementou o “AI Check”, uma ferramenta desenvolvida para revisar o conteúdo jornalístico, para minimizar erros e garantir que a integridade da informação seja mantida. Esse sistema funciona em tempo real, algo considerado essencial para agências que precisam de uma resposta rápida para eventos de grande repercussão.

Outro exemplo é o uso de IA pela People’s Daily, que tem investido na criação de uma infraestrutura robusta de nuvem, conectando várias plataformas digitais e permitindo uma experiência de mídia mais fluida e integrada. Além disso, a criação de ferramentas de IA como o “Tianmu” da People’s Daily e o “Tutu AI Poster” da Xinhua são responsáveis por aumentar a produtividade das agências, ajudando a criar gráficos, infográficos e até mesmo legendas e resumos de notícias.

Personalização de conteúdo – Além da automatização, outro grande avanço trazido pela IA são os modelos de linguagem que são capazes de entender e gerar textos de forma quase indistinguível do trabalho humano. A Xinhua, por exemplo, desenvolveu a “MediaGPT”, uma versão personalizada da famosa tecnologia GPT, que é usada para gerar conteúdo jornalístico. Esse modelo tem o poder de escrever notícias, resumos e análises com base em dados brutos, facilitando a produção em grande escala de conteúdo.

Essas tecnologias também são usadas para personalizar a experiência do usuário. Ao analisar o comportamento de navegação e as preferências dos leitores, a IA pode recomendar artigos e reportagens que são mais relevantes para o público, aumentando o engajamento e a lealdade à plataforma.

Outro benefício importante da IA é a capacidade de traduzir e adaptar conteúdos em múltiplos idiomas, sem perder o contexto e a precisão da informação. A Xinhua, por exemplo, é capaz de produzir mais de 3.500 peças de conteúdo em 10 idiomas e seis dialetos, um esforço para garantir que as notícias chinesas alcancem uma audiência global. Esse processo vem sendo agilizado e otimizado com o uso de IA para garantir traduções mais rápidas.

Omni-Mídia – Outro conceito abordado pelo relatório é a omni-mídia, já adotada por mídias ocidentais, que se refere à integração e à convergência de várias plataformas e formas de mídia para oferecer uma experiência contínua e sem interrupções ao usuário. Em vez de se limitar a um único canal, como a televisão, rádio ou jornais, a omni-mídia permite que os consumidores acessem conteúdos de uma única fonte por meio de diversos dispositivos, como smartphones, tablets, computadores e TVs conectadas.

A CNS, por exemplo, tem investido em um sistema omni-mídia, que conecta plataformas digitais, redes sociais, aplicativos móveis e outros canais para garantir que as notícias cheguem ao maior número possível de usuários. O site principal da CNS, Chinanews.com, é um exemplo disso, oferecendo não apenas notícias, mas também vídeos, podcasts, newsletters e interações ao vivo com os leitores. Esse modelo omni-mídia aumenta a flexibilidade na forma como os consumidores escolhem acessar o conteúdo, permitindo que eles se conectem com a mídia de maneiras que atendem melhor às suas necessidades.

Além disso, plataformas como a Xinhua estão criando novos formatos multimídia que combinam diferentes tipos de conteúdo em uma única apresentação. Por exemplo, a Xinhua lançou produtos como “The People’s Country”, que é uma mistura de vídeos, infográficos interativos e animações para envolver mais profundamente os leitores e apresentar as notícias de maneira mais dinâmica e acessível.

Diversificação das fontes de renda – O relatório também destaca uma transformação nos modelos de negócios da mídia tradicional chinesa. Em 2023, a indústria de mídia da China alcançou um valor de produção total de 3,15 trilhões de yuan, com um crescimento de 8,38% em relação ao ano anterior. No entanto, os fluxos de receita dos jornais, rádios e televisão estão migrando de fontes tradicionais, como a publicidade e a circulação de jornais, para uma estrutura mais diversificada, com ênfase na publicidade digital, no conteúdo digital e na geração de receita por meio de múltiplas plataformas.

Os jornais, por exemplo, geraram 61,66 bilhões de yuan em receita, mas o valor proveniente da publicidade caiu para 35,6%, enquanto a receita proveniente de operações digitais e novas mídias diminuiu de 23,6% para 18,6%. Por outro lado, as fontes de receita diversificadas, como a produção de conteúdo digital e a monetização de plataformas de vídeo e de novas mídias, aumentaram substancialmente, representando agora 27% da receita total.

Além disso, a indústria de rádio e TV também mostrou crescimento contínuo, com um aumento de 13,74% na receita do setor de rádio e televisão e audiovisual em 2023. A mídia digital, especialmente a publicidade em novas plataformas, como as redes sociais e os serviços de streaming de vídeo, está rapidamente se tornando o motor econômico para o setor, à medida que a mídia se adapta ao consumo digital em massa.

Acesse o relatório completo no seguinte link: http://www.chinaja.org.cn/20241231/b95a161dd3aa40ec9afc85b8528a6e09/c.html

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