O setor jurídico dependia inteiramente de métodos tradicionais. Com todos os avanços disponíveis hoje, isso parece inacreditável. Mas, até algum tempo atrás, tudo levava mais tempo; seja marcar compromissos, reunir documentos ou concluir qualquer tarefa, os processos eram sempre longos e manuais.
Não era apenas a burocracia envolvida. Toda a abordagem ao trabalho parecia estar presa no passado. A comunicação se limitava ao contato presencial ou por telefone, e a colaboração era dificultada pela distância e pela falta de flexibilidade de horário. Os fluxos geravam atrasos constantes, colocando à prova a paciência e aumentando a ansiedade.
Mas e hoje, a tecnologia tem sido aceita? Segundo o relatório “Artificial Intelligence – In-depth Market Insights & Data Analysis”, publicado pela plataforma de inteligência de dados Statista, a receita do mercado de softwares de inteligência artificial deve crescer 35% ao ano até 2025, atingindo o valor de 126 bilhões de dólares. Com essa expansão acelerada, fica claro que a utilização dessas inovações se tornará cada vez mais aceita e, na verdade, indispensável no cotidiano dos escritórios de advocacia.
Mas será que os advogados estão preparados para a revolução tecnológica?
Embora a IA traga inúmeras vantagens para o Direito, muitos profissionais ainda não estão preparados para lidar com suas implicações. De acordo com o relatório “A inteligência artificial pode substituir o advogado do futuro?”, desenvolvido pela LETS Marketing – consultoria full service, líder em marketing jurídico no Brasil – 91% dos juristas que responderam à pesquisa afirmaram não estar informados e preparados para lidar com as questões éticas e legais da IA. Apenas 8% disseram estar prontos para enfrentar esses desafios, enquanto 1% não soube opinar.
Esse dado aponta para uma lacuna significativa de conhecimento e preparo por parte dos defensores. A tecnologia avança rapidamente e já não representa apenas uma possibilidade, mas uma necessidade. Aqueles que não se adaptarem poderão enfrentar dificuldades em manter sua relevância no mercado.
Automação e transformação do trabalho jurídico
Um dos principais receios em relação à IA é a substituição de empregos. O Fórum Econômico Mundial projeta que até 85 milhões de empregos poderão ser automatizados até 2030. No entanto, a sistematização não necessariamente elimina empregos, mas os transforma. No mesmo estudo, o Fórum também estima que a demanda por colaboradores qualificados em IA pode gerar até 97 milhões de novas vagas.
Na advocacia, o sistema inteligente é visto como uma modernização que está evoluindo a maneira como os escritórios e especialistas do direito prestam serviços. Ferramentas de IA têm auxiliado na automatização de tarefas repetitivas, análise de dados, fornecimento de percepções jurídicas, e no aumento do desempenho operacional.
Além disso, ela possibilita que os advogados economizem tempo em atividades como a revisão de contratos e documentos e a pesquisa de jurisprudência, possibilitando que dediquem mais atenção para as funções estratégicas e que agreguem mais valor ao cliente.
A inteligência artificial não substitui, mas potencializa
Contrariando a ideia de que a IA irá substituir os advogados, a realidade tem mostrado que, na verdade, ela vem se tornando uma aliada para potencializar o trabalho dos profissionais.
A computação cognitiva não descarta a atuação humana, mas assume responsabilidades que consomem muito tempo e são passíveis de automatização, permitindo que os juristas se concentrem em atividades mais complexas, como a elaboração de pareceres e o atendimento personalizado aos consumidores.
Dados do Anuário da Justiça revelam a magnitude do trabalho jurídico no Brasil: só em 2022, o Judiciário brasileiro recebeu 29,5 milhões de novos casos, e a taxa de crescimento anual é de 9%. Com uma demanda tão grande e expansiva, a inovação surge como uma solução para gerenciar essa carga de forma mais funcional, evitando sobrecarga e promovendo uma assistência mais rápida e precisa.
Ferramentas de IA na advocacia: Gestão e eficiência
A inteligência artificial tem se mostrado especialmente útil para ajudar os advogados na administração do dia a dia de seus escritórios. Existem sistemas e programas projetados para facilitar o trabalho desses especialistas, fornecendo funcionalidades específicas para a gestão de casos, documentação, controle de processos judiciais, gerenciamento de clientes, geração de relatórios e automação de tarefas rotineiras. Essas soluções foram desenvolvidas para atender às necessidades advocatícias, com o objetivo de aumentar a eficiência, rendimento e consistência das operações.
Além de contribuir para o aumento da produtividade, a utilização de software jurídico é fundamental para manter a conformidade com as regulamentações legais e reduzir erros humanos. A sistematização de etapas administrativas simplifica as rotinas, possibilitando que os juristas dediquem mais tempo ao atendimento e à elaboração de abordagens para os casos. Desse modo, melhora a qualidade dos serviços prestados e aumenta a satisfação dos contratantes, que se beneficiam de um acompanhamento mais ágil e assertivo.
Esses recursos tecnológicos mostram como a IA está sendo aplicada de maneira prática para evoluir e potencializar a gestão, garantindo mais desempenho e agilidade no dia a dia da advocacia.
Tecnologia colaborativa
A inteligência artificial está promovendo uma verdadeira transformação na área jurídica, mas a ideia de que ela substituirá os advogados é equivocada. Na realidade, seu propósito não é descartar os profissionais, mas sim aprimorar e potencializar suas capacidades.
Com essas ferramentas, os juristas podem otimizar seu serviço, tornando-se mais eficazes e dedicando-se aos aspectos mais humanos e estratégicos da função, ou seja, a inovação surge como um auxílio para a rotina advocatícia. Além disso, ela não consegue replicar habilidades como empatia, criatividade na elaboração de abordagens e o julgamento necessário em situações complexas – características fundamentais para um bom defensor.
Embora os sistemas inteligentes possam assumir tarefas operacionais e fornecer interpretações interessantes, ela não elimina o papel crítico do jurista na defesa de clientes, na criação de argumentos inovadores e no fortalecimento de relacionamentos duradouros.
O aumento no número de casos é um indicativo de que os escritórios precisam se tornar mais ágeis. Portanto, a falta de trabalho não deve ser uma preocupação; na verdade, a preocupação deve ser otimizar o fluxo para aumentar a capacidade sem sobrecarregar os profissionais. Nesse sentido, a tecnologia cumpre perfeitamente sua função colaborativa.
Assim, em vez de tornar os advogados obsoletos, a IA serve como uma aliada, aumentando a produtividade, melhorando a precisão dos resultados e permitindo um foco maior em atividades de alta relevância, além de proporcionar vantagem competitiva no mercado.