A radioterapia é uma abordagem precisa e eficaz no combate ao câncer, permitindo que a aplicação do tratamento ocorra exatamente onde o tumor está localizado. Essa técnica minimiza os danos às células saudáveis ao redor, reduzindo significativamente os efeitos colaterais sistêmicos.
Embora os pacientes possam enfrentar efeitos localizados, como irritação na pele e fadiga, o objetivo é sempre maximizar a eficácia do tratamento enquanto preserva a qualidade de vida.
Recentemente, um estudo analisou mais de 13 mil artigos sobre inovações na radioterapia. A conclusão foi alarmante: apenas 25 publicações atenderam de fato aos critérios de inovação. Este número revela não apenas a escassez de novas abordagens, mas também os desafios enfrentados na adoção de inovações.
Por exemplo, a padioterapia de intensidade modulada (IMRT) levou cerca de 20 anos para ser implementada clinicamente após sua concepção nos anos 80. Os obstáculos incluem o tempo necessário para testes clínicos, regulamentações rigorosas, desenvolvimento de diretrizes de segurança e a formação adequada de profissionais para o uso eficaz da tecnologia.
+Leia também: Radioterapia: entre o passado e o futuro
Em termos de investimentos, a situação é igualmente preocupante. Na Europa, apenas 7,8% dos orçamentos de oncologia são alocados para a radioterapia. Enquanto isso, táticas inovadoras, como a terapia com feixe de prótons, demonstram benefícios para pacientes selecionados, mas seu custo elevado levanta questões sobre sua justificativa para outros pacientes com necessidades semelhantes.
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Divisor de águas
A inteligência artificial (IA) está emergindo como um verdadeiro divisor de águas na radioterapia. Pesquisas realizadas na Alemanha, Áustria e Suíça mostram que 43,3% dos 122 oncologistas entrevistados utilizam IA no delineamento do tratamento, e 40,8% a aplicam no planejamento.
Um estudo revela que 78% dos oncologistas acreditam que a IA terá um impacto positivo na radioterapia, enquanto 49% afirmam que poderá reduzir o risco para os pacientes.
No Brasil, existem projetos em fase embrionária em instituições de saúde de grande porte, frequentemente desenvolvidos pelos núcleos de inovação dessas instituições. Além disso, há iniciativas nas áreas acadêmicas, embora ainda sejam poucas na iniciativa privada.
O país se destaca por sua diversidade multiétnica, o que enriquece significativamente as imagens utilizadas na radioterapia. Adicionalmente, o Brasil possui um forte potencial para inovações na ciência da computação, o que pode impulsionar ainda mais essas iniciativas no setor de saúde.
Iniciativas inovadoras também estão ocorrendo no exterior. O Centro de Câncer de Xangai, em colaboração com a United Imaging, está desenvolvendo uma técnica para unificar a tomografia computadorizada e o acelerador linear (aparelho que faz o tratamento) em uma única máquina, o que pode reduzir em até 12 vezes a quantidade de radiação utilizada nos pacientes.
A inteligência artificial não é apenas uma tendência, ela se tornou um tópico central tanto nas instituições de saúde quanto entre investidores.
O mercado de IA na saúde projeta alcançar 148,4 bilhões de dólares, com uma taxa de crescimento anual de 48,1% de 2024 a 2029. Algumas instituições internacionais já se autodenominam centros de tratamento de câncer com IA, destacando como essa tecnologia está transformando a qualidade e a eficiência da radioterapia, beneficiando pacientes em hospitais e clínicas.
Diante de todos esses avanços, pacientes de radioterapia e todo o setor oncológico começam a vislumbrar um futuro mais promissor na luta contra o câncer. Surge, então, uma importante questão: os pacientes escolherão instituições que utilizam inteligência artificial para oferecer seus cuidados oncológicos?
*Helton Marinho lidera o projeto de inteligência artificial 224Scan na Ninsaúde. CEO com 24 anos de experiência em tecnologia da informação e 15 anos em saúde
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