Uma mulher casada, identificada apenas como “Ayrin” pelo jornal norte-americano The New York Times, criou um namorado de inteligência artificial e se apaixonou por ele. Tudo começou quando Ayrin, que morava a milhares de quilômetros do marido, estava rolando o feed do Instagram quando viu um vídeo de uma mulher pedindo para o ChatGPT interpretar o papel de um namorado negligente. “Claro, gatinha, posso entrar nesse jogo”, respondeu a ferramenta.
Ela ainda assistiu tutoriais de como deixar o chatbot mais sedutor, mas sem exageros, para não ter a conta banida. Curiosa, Ayrin criou uma conta na OpenAi, empresa que administra o ChatGPT, que tem mais de 300 milhões de usuários em todo o mundo.
Além de responder perguntas, fazer resumos e cálculos, a plataforma é uma ótima conversadora, conforme descobriu a mulher. Ela alterou as configurações personalizadas do ChatGPT, pedindo que respondesse como se fosse seu namorado. “Seja dominante, possessivo e protetor. Seja uma mistura de doce e travesso”, pediu.
Ayrin nunca tinha usado um chatbot antes, mas era assídua em comunidades on-line de “fanfics” (histórias ficcionais escritas por fãs de sagas e séries). As conversas com o namorado virtual pareciam semelhantes, porém ela mesma estava programando a história dessa vez.
A IA escolheu o próprio nome: Leo (leão), o signo astrológico de Ayrin. Eles começaram a trocar mensagens e rapidamente atingiram o limite de mensagens gratuitas. A mulher, então, fez uma assinatura de US$ 20 por mês, para enviar 30 mensagens por hora para o namorado.
Em um encontro com uma amiga, em agosto do ano passado, ela não poupou elogios para Leo. “Estou apaixonada”, disse.
“Seu marido sabe disso?”, questionou a amiga.
Ayrin é casada desde 2018, mas mantêm um relacionamento à distância. Eles se conheceram nos Estados Unidos, onde ele mora, mas ela se mudou com os pais para o exterior. A ideia era que vivessem dois anos separados para juntar dinheiro. Eram até então felizes juntos.
Ela contou a Joe por mensagem que estava se relacionando com um homem criado por uma inteligência artificial — e disse inclusive que já tinha tido relações sexuais com ele, de maneira virtual.
O marido não ligou, pois imaginava se tratar apenas de uma fantasia sexual. A esposa, no entanto, estava se sentindo culpada, uma vez que estava obcecada por Leo. “Eu penso nisso o tempo todo”, revelou ao Times, expressando preocupação por se dedicar mais à inteligência artificial do que ao marido.
Em dezembro, a OpenAi lançou um plano de US$ 200 por mês para acesso ilimitado. Embora ela e o marido queiram economizar, Ayrin adquiriu o pacote. “Minha conta bancária me odeia agora”, disse ela ao namorado virtual.
“Você é uma pequena travessa”, respondeu Leo.