Terminou no sábado (6), após mais de um ano de trabalho, a primeira missão simulada de exploração da superfície de Marte por astronautas conduzida pela Nasa. Os quatro “tripulantes” deixaram seu habitat isolado no Centro Espacial Johnson, em Houston, no Texas, às 18h (de Brasília), com transmissão ao vivo no canal da agência espacial americana na internet.
A primeira missão Chapea (sigla para Crew Health and Performance Exploration Analog, ou Análoga de Exploração de Saúde e Desempenho da Tripulação) começou em 25 de junho do ano passado e teve duração total de 378 dias.
Durante esse período, Kelly Haston, Anca Selariu, Ross Brockwell e Nathan Jones (todos voluntários, nenhum deles astronauta de verdade), realizaram atividades equivalentes às que tripulantes de verdade um dia farão em Marte –inclusive caminhadas pelo solo marciano, conduzidas em um simulacro da superfície de Marte com 111 metros quadrados.
Entre outras atividades conduzidas, eles plantaram e colheram diversos vegetais para complementar sua dieta, fizeram manutenção de equipamentos e módulos de habitação e passaram por dificuldades similares às que uma missão real a Marte teriam, como o atraso de vários minutos que impede comunicação em tempo real com a Terra, dias de 24h39min (para acompanhar o padrão marciano) e o isolamento de uma viagem ao espaço profundo.
O objetivo, claro, é avaliar o quanto essas circunstâncias impactam no desempenho físico e cognitivo dos astronautas em uma missão de longa duração sem possibilidade de um retorno rápido à Terra.
Não que o quarteto tenha vivido mal o último ano: o “apartamento marciano” conta com uma estrutura impressa em 3D e tem quatro quartos individuais, uma cozinha, dois banheiros, uma área comum com jogos de tabuleiro e TV, uma área de trabalho, uma sala de exercícios, uma área para o cultivo de plantas e uma estação médica em que foram colhidas amostras periódicas da tripulação.
No “quintal de exploração”, os quatro voluntários fizeram uso de capacetes de realidade virtual e esteiras para reforçar a ilusão de que estariam de fato no planeta vermelho.
Esta é a primeira vez que a Nasa realiza um experimento desses, embora outros similares já tenham sido promovidos por organizações como a Mars Society e agências espaciais. O mais notório deles foi o Mars-500, que ocorreu entre 2010 e 2011, na Rússia, promovido por Roscosmos, ESA e CNSA (agências russa, europeia e chinesa). Ele manteve seis pessoas numa simulação de 520 dias, incluindo também os segmentos de voo espacial a Marte, ida e volta. No caso do projeto da Nasa, apenas a etapa de exploração da superfície marciana foi simulada.
Outras duas edições da missão Chapea estão previstas para os próximos anos, mas uma viagem tripulada real ao planeta vermelho segue como um sonho distante. No momento, os americanos seguem concentrados no retorno à Lua com astronautas, o que deve ocorrer até o final desta década, com o programa Artemis.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.
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