Em exercício hipotético, a NASA avaliou qual o impacto teórico da possível colisão de um asteroide com a Terra e o que seria necessário para impedir a situação
25 jun
2024
– 04h39
(atualizado às 21h03)
Em um relatório publicado pela NASA na última quinta-feira (20), a agência espacial divulgou os resultados do evento bienal de defesa planetária, que já está na quinta edição. Nele, diversas agências internacionais fazem um exercício de simulação onde é testada a capacidade de resposta humana a ameaças vindas do espaço, como asteroides e corpos celestes viajando em direção ao nosso planeta.
A agência espacial americana lembra não haver nenhum impacto previsto para o futuro, mas destaca a importância de experimentos como esse para saber como estão as capacidades de resposta da ciência contra eventuais perigos. A conclusão do relatório afirma que não estamos totalmente preparados para crises espaciais — e os principais problemas identificados foram econômicos e políticos.
Asteroide teórico do futuro
Na hipótese apresentada pela NASA, foram levadas em conta as respostas mundiais a um cenário onde um asteroide teria 72% de chances de colidir com nosso planeta num tempo de 14 anos — e, para adicionar dificuldade, considerou-se que o corpo celeste ficaria sem rastreamento por sete meses, durante o período em que passaria por trás do Sol.
Um dos institutos participantes foi o Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, dos Estados Unidos. O responsável pela instituição, Terik Daly, comentou que os telescópios atuais só seriam capazes de observar o hipotético asteroide como um ponto luminoso no espaço — essa incerteza sobre suas características nos deixaria no escuro sobre as consequências de seu possível impacto.
Com as capacidades da ciência atual, os cientistas conseguiram calcular o tamanho do asteroide simulado, chegando a uma estimativa entre 60 e 800 metros de diâmetro. Um choque com a Terra passaria, provavelmente, pelo hemisfério norte, entre a Arábia Saudita e o México. As equipes internacionais chegaram a três opções para lidar com o corpo celeste.
A primeira seria não fazer nada, apenas esperando o impacto; na segunda, uma missão espacial encabeçada pelos Estados Unidos seria lançada; e, por fim, um esforço internacional lançaria uma espaçonave consideravelmente mais cara para chegar nas proximidades do asteroide e estudá-lo, talvez até mesmo tentando mudar seu trajeto.
Nas simulações de exercícios anteriores, a Terra acabava com impactos e finais catastróficos, o que não ocorreu desta vez — mas não houve um final tão positivo. Segundo Daly, a equipe acabou travada em um momento dos testes, sendo impossível avançar.
Anteriormente, acreditava-se que o financiamento de uma missão para salvar o planeta não chegaria a ser um problema, mas, desta vez, considerou-se que seria, sim: um problema à la Não Olhe Para Cima, o filme de ficção que supõe uma situação parecida.
De acordo com o relatório da NASA, muitas das partes interessadas no esforço de salvar o planeta desejariam saber o máximo possível sobre o asteroide, mas pensariam duas vezes antes de financiar o esforço sem saber quão definitivo seria o risco de impacto. Mesmo quando houvesse vontade de agir, ainda estaríamos nas mãos de líderes políticos, algo que surgiu no debate da agência.
Um período de 14 anos de esforço espacial passaria por inúmeros ciclos orçamentários de diversos países, e, com lideranças políticas mudando, junto a suas equipes e à mercê de eventos mundiais, possíveis dificuldades de manter um programa do tipo certamente surgiriam. O problema principal, concluem os pesquisadores, seria o humano — e não a tecnologia, em particular.
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