O professor ainda está aqui, junto com a IA

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Lançada recentemente pela Netflix, a série documental “What’s next?” — em tradução livre, “O que vem depois?” — mergulha no universo da tecnologia para antecipar possíveis mudanças na sociedade a partir do advento da inteligência artificial (IA). Entre teorias conspiratórias e universos apocalípticos, o bilionário Bill Gates roda o planeta para entrevistar personalidades e gestores públicos atentos aos riscos e oportunidades inerentes à frenética trajetória de inovação em curso, entre eles os professores.

A questão abordada pela série está no dia a dia das escolas brasileiras. Com apenas 11 anos, Stefani integra a equipe de repórteres mirins do Tobias News, projeto digital sobre educação midiática liderado pela professora Virgínia Chagas, que atua na rede municipal do Rio no Ginásio Educacional Tecnológico Tobias Barreto, na Zona Norte. Desde 2023 vem experimentando aplicativos com IA para produção de mídia e debates em sala. “Meu objetivo tem sido mostrar aos alunos que a IA é uma ferramenta de criação e inovação para desenvolver ideias e planejar projetos. É mais que um mecanismo de busca. É uma aliada criativa com normas e limites éticos”, conta Virgínia.

Distante 10 mil quilômetros da escola carioca, a professora Rasha Barakat pergunta a sua turma da Khan Lab School, na Califórnia: “Quem prefere usar o Khanmigo em vez de ficar na fila aguardando que eu ajude numa redação?”.

A cena faz parte da série de Bill Gates e levanta a questão sobre mediação da tecnologia na aprendizagem. “Como deixamos os alunos trabalharem de modo independente, mas de uma forma que a IA não faça o trabalho deles, mas ainda possa nos ajudar?”, pergunta o educador Sal Khan. Ele é fundador e CEO da Khan Academy, plataforma educacional que, em 2023, lançou o Khanmigo — ferramenta que usa o ChatGPT como assistente de ensino em tempo real, com assistência interativa a dinâmicas de aprendizagem, como identificação de padrões de linguagem, temas correlacionados à proposta de texto e transições de narrativa, sempre com mediação da professora Rasha.

No Brasil, o colégio Mopi adotará a ferramenta como complemento do sistema de ensino em linguagens e matemática para alunos do fundamental II e médio a partir de 2025. “Já se sabe que quem tem mais repertório tem mais conhecimento, interage melhor com a IA. Por isso, a base da iniciativa está centrada em dados, para valorizar o humano e todas as necessidades de cada estudante”, afirma Vinícius Canedo, diretor executivo do Mopi. Ele destaca o ineditismo da iniciativa na rede privada.

A ideia da tecnologia como tutora para acelerar a aprendizagem não é nova, mas requer atenção para evitar disparidades. Só presumir benefícios é algo irreal. Afinal, há sempre o receio de que alunos possam usá-la de forma indiscriminada para colar em provas ou ainda de que a ferramenta alucine com viés ou respostas fora de contexto. “Haverá resultados negativos, e precisaremos lidar com eles. É necessário introduzir intencionalidade no uso. A IA precisa ultrapassar os muros da escola e entender a realidade brasileira”, afirma Giselle Santos, gestora de inovação.

Atualmente, 93% da população brasileira de 9 a 17 anos é usuária de internet, ou 24,5 milhões de pessoas. Em relação a plataformas educacionais, 62% das escolas afirmaram usar ao menos uma ferramenta como Zoom, Microsoft Teams, Google Sala de Aula. Nas escolas municipais, como a de Stefani e Virgínia, esse número equivale a 51%, segundo dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que monitora a adoção das tecnologias de informação e comunicação no Brasil. “A ampliação da conectividade somente poderá ser considerada significativa se a participação dos estudantes nos ambientes digitais se der de forma segura, responsável, crítica e adequada ao seu bem-estar”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

O resultado desejável da instrução para o diálogo com ferramentas de IA, como ChatGPT, ainda é que os educadores fiquem sempre por perto.

*José Brito é diretor da Associação dos Jornalistas de Educação e conselheiro da agência de checagem Lupa

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