Texto de Paulo Guimarães (CPCJ de Vila Verde)
A Inteligência Artificial (IA) ainda esconde muitos mistérios sobre as suas capacidades e o impacto que terá nas nossas vidas agora e no futuro. Aliás, falar aqui de futuro é um anacronismo, a IA está presente no nosso quotidiano há já algum tempo, mesmo que não nos apercebamos disso. Inclusivamente, é já utilizada em contextos educativos, como ferramenta pedagógica complementar, por exemplo, para aprender línguas estrangeiras ou para apoiar professores em processos de ensino personalizados.
No entanto, a IA não se cinge a contextos de implementação técnica e está a acessível a todos (pelo menos, uma parte da IA). Certamente já ouviu falar do ChatGPT ou do Gemini (da Google) e se não ouviu falar destes assistentes de IA, seguramente os seus filhos, netos e crianças/jovens em geral, não só sabem o que são como os utilizam. Isto é bom, mau ou irrelevante?
A resposta à questão anterior é complexa e dificilmente alguém se compromete a dar uma resposta contundente. Na verdade, a resposta será: “depende”. A IA pode ser uma ferramenta pedagógica complementar muito interessante, mas tem perigos camuflados. Dou um exemplo prático: uma criança/jovem que tenha dificuldades em aprender inglês, pode encontrar no ChatGPT, por exemplo, um meio para praticar, dialogando com o chat e pedindo-lhe, inclusive, que faça correções.
O chat irá dar feedback automático em tempo real sobre a pronúncia, a compreensão e a fluência, tudo numa conversa aparentemente natural.
Recorrer à IA para melhorar competências linguísticas é positivo, mas, por outro lado, o recurso à IA como ferramenta de “preguiça intelectual”, que oferece repostas fáceis para trabalhos escolares, é não só um perigo como pode revelar-se um agente de erosão do pensamento crítico e da análise aprofundada de matérias.
Há, portanto, aspetos positivos e desafios que o uso da IA nos apresenta. Não podemos demonizar a IA, mas sim extrair dela, cautelosamente e com consciência, os seus benefícios.
Termino com a sugestão de leitura de um guia lançado pelo Serviço das Publicações da União Europeia: “Orientações éticas para educadores sobre a utilização da inteligência artificial (IA) e de dados no ensino e na aprendizagem”. Pesquisem e leiam, é muito interessante, útil e gratuito.