O uso da IA permite cuidados mais proativos e personalizados, aumentando as chances de detecção precoce e, consequentemente, melhorando os desfechos clínicos.
18 de outubro de 2024 – A Inteligência Artificial tem o enorme potencial de se tornar uma ferramenta auxiliar para o rastreamento do câncer de mama, o tipo da doença que mais acomete as mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Entre suas funcionalidades está a capacidade de prever o risco de uma paciente desenvolver câncer de mama no futuro. Isso se dá por meio da análise de uma variedade de dados, incluindo históricos médicos, características genéticas, estilo de vida e resultados de exames anteriores.
Ao utilizar algoritmos avançados de aprendizado de máquina, a IA pode identificar padrões sutis que podem não ser facilmente perceptíveis a olho nu, permitindo uma avaliação mais precisa do risco individual.
“Essa previsão permite a implementação de protocolos de rastreamento personalizados e mais eficazes, que podem incluir exames de imagem mais frequentes, aconselhamento genético e intervenções preventivas direcionadas”, explica Marcos Queiroz, Membro do Conselho de Administração e Líder do Comitê Técnico de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica do Hospital Israelita Albert Einstein.
Como resultado, as pacientes podem receber cuidados mais proativos e personalizados, aumentando as chances de detecção precoce e, consequentemente, melhorando os desfechos clínicos.
“Além disso, a IA auxilia tanto na detecção de lesões em exames mamográficos quanto na organização do fluxo de trabalho dos radiologistas. Ao classificar os exames entre ‘alto risco’ e ‘baixo risco’, a ferramenta permite priorizar aqueles que demandam maior atenção, diminuindo a carga de trabalho dos médicos diante do grande volume de exames realizados em programas de rastreamento populacional”, acrescenta Queiroz.
Integração de dados
O câncer de mama está sendo abordado de forma cada vez mais individualizada, e a integração de dados, aliada à gestão inteligente por meio de soluções de IA, permitirá uma personalização ainda maior. “A inteligência artificial ajudará não apenas a definir o tipo de rastreamento mais adequado para cada mulher, visando a detecção precoce, mas também a identificar o tratamento mais eficaz para o seu caso específico. Isso evitará exames desnecessários e tratamentos ineficazes”, salienta Queiroz.
Segundo ele, o futuro do rastreamento e do tratamento do câncer de mama envolve não apenas o avanço de novas tecnologias e equipamentos, mas também uma profunda integração de diferentes tipos de dados, como demográficos, clínicos, de imagem e genéticos. “Portanto o desenvolvimento simultâneo destas várias frentes certamente vai contribuir na abordagem do câncer de mama, desde a sua detecção até o tratamento”, diz.
Desafios
Quanto aos maiores desafios na aplicação da IA, Queiroz cita a dificuldade em replicar os resultados obtidos em populações controladas para a população geral, especialmente em diferentes países. Estudos de IA conduzidos em uma região ou país específico muitas vezes não podem ser generalizados para outras áreas, devido às particularidades de cada população, como variações genéticas, ambientais e de acesso aos serviços de saúde. “Por isso, investimentos na construção de bancos de dados locais são cada vez mais importantes”, acrescenta.
Outro grande desafio é a gestão do vasto volume de dados confidenciais gerados no setor de saúde, especialmente diante das rigorosas legislações de proteção de dados, como a LGPD no Brasil.
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