Essa semana eu li um desabafo de uma mãe dizendo que ela e o marido (hoje ex-marido) planejaram ter um bebê por muito tempo. Depois que o bebê nasceu, ele mudou completamente o seu comportamento dentro de casa. Aparentemente ele chegou à conclusão de que a vida de pai não era pra ele e acabou indo embora.
Mais um desses casos “raros” que acontecem o tempo todo. Eu acompanho muitos grupos de mães e isso é inacreditavelmente muito comum, não é à toa que em 2023 tivemos mais de 170 mil crianças registradas no Brasil sem o nome do pai.
Chegou a hora de pararmos de normalizar a figura do pai ausente
O que me chamou a atenção nesse caso em especial, foram os comentários. Tive a impressão de que a atitude repulsiva do pai ao abandonar a família que ele mesmo planejou, não era tão relevante quanto a interpretação de que as mulheres só devem ter filhos se puderem arcar sozinhas com a carga emocional e financeira desta nova vida.
Pera aí, vamos pensar um pouquinho. Eu sei que eu estou falando direto de dentro do “comercial de margarina” que eu e o Eduardo construímos, e que a realidade da maior parte das pessoas não é assim. Mas se a gente não consegue acolher essa mãe e entender que o problema não é ela e sim todo o machismo estrutural da nossa sociedade, fica difícil. É isso que de alguma forma faz com que a atitude deste tipo de homens seja tão comum.
Será que o problema não começa por aí, quando apontamos o dedo pra uma mãe que está precisando de ajuda por conta da irresponsabilidade do pai?
+ Veja mais: Maternidade real, sem floreios e filtros, mas sem baixo astral
Será que o problema não começa quando a gente passa a minimizar o tamanho do erro do pai e a maximizar o lamento da mãe, que foi obrigada a arcar com todas as responsabilidades das escolha de ambos?
É, pessoal, acho que precisamos reavaliar nossas atitudes como sociedade. Temos mais de 170 mil crianças abandonadas pelos pais no ano passado crescendo por aí. Se a gente conseguisse mensurar quantas mães fizeram o mesmo, tenho certeza que o número seria dezenas de milhares de vezes menor.
E, respondendo a um dos comentários agressivos que recebi: Sim, “eu gostaria muito de pegar o meu laço de mulher maravilha e ir defender todas as mulheres que passam por isso”. Infelizmente eu ainda não posso. Por enquanto vou continuar a escrever aqui neste espaço e também nas minhas redes sociais. Tenho a esperança de que se pelo menos uma mãe for impactada positivamente pelas minhas ideias, então todo o tempo que eu passo pensando e escrevendo a respeito valeu a pena.
No meu mundo dos sonhos, em que essa mãe estaria lendo esse texto, gostaria de te falar que eu sinto muito se o pai do seu filho não tem se comportado como o pai e/ou companheiro que ele deveria ser. Espero que você consiga achar apoio em algum lugar e nunca te falte sabedoria e força pra encarar essa situação.
Espero do fundo do meu coração que esses relatos diminuam cada dia mais.
Agora, se você é o cara que deveria estar agindo como pai, mas escolheu porcamente não sê-lo, sinto muito pela pessoa que você é.
Se você quiser ver mais conteúdos sobre maternidade, um pouco do meu dia a dia com o Bernardo e a Laura, e também indicações de textos (e até memes divertidos), acompanhe o MamãeTopia nas redes sociais.
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.