A euforia com a inteligência artificial generativa parece estar arrefecendo. Ao menos para os investidores das bolsas americanas.
Um sinal simbólico disso é que a fabricante de chips Nvidia, que no final do ano passado registrou a maior alta em um dia da história das bolsas após divulgar um resultado que superou muito as expectativas, nesta semana afundou mais de 6% após divulgar um balanço que superou ‘apenas ligeiramente’ as projeções, enquanto enfrenta desafios no processo de fabricação e distribuição de seus novos chips.
Há muita expectativa embutida nas ações, e o tempo de retorno dos investimentos vem frustrando parte do mercado. Mas para o gestor David Meyer, gerente de portfólio da gestora Countour, que participou de um painel na Expert XP sobre alocação global na próxima década, os investidores devem ter paciência e pensar no tema como um investimento de longo prazo.
“Faz quase dois anos que o ChatGPT foi lançado. Em tecnologia recebemos menos do que achamos que vamos ganhar em dois anos, mas mais do que achamos que vamos ganhar em 10 anos”.
Meyer aponta que até 2010 a tecnologia estava muito imatura e era um risco adicional investir no tema. Hoje, o software pode trazer impacto imediato em todos os negócios.
E qual a estratégia que o investidor deve seguir quando se trata do tema? Segundo Meyer, é ‘simples’: se aproximar dos vencedores e se afastar dos perdedores. “Tem parecido que os vencedores levam tudo nessa década. Se pensarmos em Microsoft, Apple, Google e Meta, parecem liderar a implantação da tecnologia, pois têm uma escala impressionante e podem investir em coisas infinitas. Elas tem ainda muitos dados para testar diversos processos”.
Na visão de Meyer, uma ou três dessas mega empresas vão continuar na liderança da tecnologia, ainda que a chance de aumento da concorrência seja grande. Jeff Schulze, gestor da Clearbridge, concorda que uma ou duas empresas das Sete Magníficas (Tesla, Google, Microsoft, Apple, Nvidia, Meta e Amazon) ainda vão continuar no jogo.
Porém, Meyer lembra que, comparado a 2000, época da nova bolha da internet, apenas a Microsoft continua entre as cinco maiores. “Novos disruptores apareceram, entre eles a Cisco. É perigoso apostar contra isso”.