Com o advento da inteligência artificial, é cada vez mais comum encontrar depoimentos de usuários da internet afirmando que substituíram atendimentos de especialistas por consultas ao ChatGPT. Psicoterapia, dietas e treinos são alguns exemplos de serviços buscados pelos usuários da plataforma. Mas será que o ChatGPT pode realmente substituir um especialista? Conversamos com uma psicóloga, uma psicanalista e uma nutricionista sobre o assunto.
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A psicóloga Ana Claudia Gama Barreto, conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-ES), não acredita que a inteligência artificial possa substituir o que um psicólogo faz. “Não temos evidência disso até agora, não temos exemplos de que seja possível essa substituição. Talvez como uma ferramenta de apoio ao trabalho do psicólogo, mas não como um substituto.”
Questionada sobre o que o ChatGPT tem que o psicólogo não tem, Barreto respondeu: empatia, moralidade e flexibilidade cognitiva. “Primeiro a gente tem que situar que o ChatGPT é uma ferramenta desenvolvida por seres humanos. Não há ali um tipo de inteligência extra-humana, algo que surgiu por si só, independente do ser humano. É algo que foi criado por humanos. Enquanto tal, tem seus vieses, tem seus problemas, tem as suas falhas. Não é porque é uma inteligência artificial que seja um instrumento perfeito. Enquanto inteligência artificial, ela funciona por meio de comandos que são desenhados com certa limitação.”, defendeu a profissional.
Barreto pontuou que há muitos riscos relacionados ao uso da inteligência artificial que ainda não foram mapeados, mas que não se deve inviabilizar o uso desse tipo de ferramenta e sim orientar as pessoas para que façam seu melhor aproveitamento. “Precisamos ainda acompanhar e definir formas de orientar a população. Essa é uma das funções do Conselho de Psicologia, orientar os profissionais também sobre como usar isso, além de acompanhar as movimentações em termos jurídicos. Como é que isso está sendo regulado? Como é que isso vai ser tratado do ponto de vista até internacional? Porque são regulações que precisam ser acordadas internacionalmente”, alerta.
A psicanalista Andréa Ladislau destaca que o terapeuta oferece um tipo de suporte emocional instrumentalizado através de técnicas específicas, que estimulam a exploração de emoções e do comportamento do paciente. “Processo distante da realidade de um algoritmo que não possui compreensão emocional necessária. Por fim, destacamos a ética e segurança do tratamento, como pilares inegáveis para garantir a privacidade das informações pessoais do indivíduo. Um sigilo ético que também não se aplica ao ChatGPT.”
Dietas
A nutricionista Ewillyn Zanol também acredita que o funcionamento da ferramenta é limitado. “Por exemplo, eu vou no nutricionista para conseguir um cardápio, uma dieta de mil e tantas calorias. Nesse caso a inteligência artificial talvez vá substituir. Agora, quando você pensa que uma consulta nutricional envolve a história do paciente, envolve você se colocar no lugar do paciente para entender não só o que que ele come, mas por que ele come cada um daqueles alimentos, qual o contexto por trás daquilo ali, quais hábitos precisam ser modificados, nossos sentimentos, porque nenhum comportamento ele vem do nada, a gente precisa entender qual foi o sentimento que antecipou esse comportamento, e isso acho que só uma pessoa para entender a outra pessoa. Isso nenhuma inteligência artificial seria capaz de prover.”
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